15 nov 2017

Codex Aureus, Cura dos dez leprosos, 1035-1040 ca, Nuremberga, Germanisches Nationalmuseum.

QUARTA FEIRA DA SEMANA XXXII DO TEMPO COMUM (anos ímpares)

Neste evangelho, Jesus sublinha a importância do agradecimento, do reconhecimento. Ele curou dez leprosos, mas somente um estrangeiro voltou até junto d’Ele para agradecer. Os outros estavam habituados aos benefícios de Deus, acreditavam ter direito e não acharam que era seu dever agradecer.
Nós, que recebemos muitíssimo de Deus, por vezes somos menos agradecidos do que aqueles que, tendo vivido longe d’Ele, quando O conhecem, estão cheios de maravilha pela sua bondade.
Se deixarmos que no nosso coração começe a aparecer o hábito de não dar graças, afastamo-nos do Senhor, porque o reconhecimento é necessário para completar o benefício de Deus.
Somente a este estrangeiro, que voltou para agradecer, é que Jesus pôde dizer: “A tua fé te salvou”. Os outros receberam a cura, ficaram felizes por terem sido curados, mas não entraram em relação com Deus, não têm a fé que salva.
A acção de graças, em certo sentido, fecha o circuito com Deus, aperta a ligação com Ele, e isto é importante. Receber um benefício, no fundo, é secundário: importante é estar em relação com o benfeitor, com aquele que dá. Uma criança deve receber tudo aquilo de que necessita mas não é importante que o receba por vezes de um, por vezes de outro, do ponto de vista material; importante é que se sinta amado pela mãe, de outro modo o seu coração não se desenvolverá, não poderá crescer no amor, porque lhe terá faltado a relação com uma pessoa que o ama.
Deus quer que sintamos o seu amor, quer que O reconheçamos, não porque seja ciumento em relação aos seus direitos, mas exactamente porque não nos quer dar apenas benefícios: quer dar-Se a Si mesmo. Reconhecendo os seus dons, nós colocamo-nos em relação com Ele, completamos aquela relação que Ele começou e que não pode ser perfeita sem a nossa colaboração. Por isto é importante a acção de graças, porque é reconhecer que Deus nos ama, em ver de saborear de forma egoista os seus benefícios, fechando-nos em nós mesmos. É um alimento para a alma aproveitar cada dom de Deus para nos aproximarmos mais d’Ele, alegrarmo-nos com o seu amor, e bondade.
É esta alegria que Jesus nos chama a viver, insistindo sobre o dever do agradecimento.
É claro também que o agradecimento, colocando-nos na atitude certa, é uma grande ajuda na vida espiritual. Quem não é reconhecido, cai infalivelmente no egoísmo e no orgulho, enquanto que quem é reconhecido é libertado destas tentações. Deveríamos ser reconhecidos não apenas quando recebemos um benefício, mas em todas as nossas acções, como o era Jesus que agradecia continuamente ao Pai.
Mesmo durante a paixão Ele agradecia ao Pai. A própria paixão é um sacrifício de agradecimento, como demonstra a instituição da Eucaristia. Jesus dá graças a Deus, recebe de Deus a iminente paição como um seu maravilhoso dom, através o qual o Pai glorifica o Filho e permite que o Filho O glorifique.
Também nós podemos agradecer a Deus recebendo d’Ele todas as nossas acções, fáceis ou difíceis: assim estamos na relação adequada com Ele e somos libertados das insuficiências humanas, das tentações. Quando tudo corre bem, se não agradecermos a Deus, se não pensarmos que isto é um dom maravilhoso que nos ajuda a crescer no seu amor e no amor pelos outros, instintivamente nos comprazemos de nós mesmos e desvitalizamos a graça que acabámos de receber de Deus, em vez de viver no amor. E quando as coisas não correm bem, se em vez de nos despeitar ou desanimar, procuremos abrir os olhos à luz da fé apra ver que Deus está a trabalhar em nós para nos tornar semelhantes ao seu Filho que sofreu e por isso foi glorificado, então o nosso terá mudado. Em vez de mergulhar na amargura voltemo-nos para a luz e assim encontraremos a fonte da generosidade. A verdadeira generosidade não é o esforço titânico de nos tornarmos heróis; ela recebe-se de Deus com reconhecimento e amor.
Peçamos ao Senhor que coloque em nós o desejo de Lhe agradecer sempre, aquele desejo que na Santa Missa exprimimos dizendo: “É nosso dever, é nossa salvação” dar-vos graças sempre e em toda a parte.
O Apóstolo São Paulo repete continuamente aos cristãos que devem dar graças e ele mesmo dá o exemplo: no início de todas as suas cartas a sua alma expande-se na acção de graças por tod o bem que Deus realiza por meio dele e de todas as igrejas.
Peçamos, portanto, ao Senhor a graça de viver cada um dos nossos dias como “Eucaristia”, ou seja, acção de graças, recebendo d’Ele cada nossa acção como um nutrimento: “O meu alimento é fazer a vontade de meu Pai” (lachiesa.it).

PRIMEIRA LEITURA Sab 6, 1-11

Leitura do Livro da Sabedoria
Escutai, ó reis, e procurai compreender; aprendei, governantes de toda a terra. Prestai atenção, vós que dominais as multidões e vos orgulhais do número dos vossos povos: Do Senhor recebestes o poder e do Altíssimo a soberania; Ele examinará as vossas obras e sondará as vossas intenções. Sendo ministros do seu reino, não governastes com rectidão, não cumpristes a lei, nem seguistes a vontade de Deus. Ele virá sobre vós, terrível e repentino, porque julga severamente os que dominam. Ao mais pequeno perdoa-se por compaixão, mas os grandes serão examinados com rigor. O Senhor de todos não teme ninguém, nem Se impressiona com a grandeza. Ele criou o pequeno e o grande e a sua providência é igual para todos; mas aos poderosos reserva um exame severo. É a vós, soberanos, que se dirigem as minhas palavras, a fim de aprenderdes a Sabedoria e não cairdes em falta. Porque os que santamente tiverem guardado as leis santas serão declarados santos e os que nelas se tiverem instruído encontrarão segura defesa. Procurai ouvir as minhas palavras desejai-as ardentemente e sereis instruídos.
Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL Salmo 81 (82), 3-4.6-7 (R. 8a)

Refrão: Levantai-Vos, Senhor, e julgai a terra. Repete-se

Defendei o órfão e o desprotegido,
fazei justiça ao humilde e ao pobre.
Salvai o oprimido e o indigente,
libertai-o das mãos dos ímpios. Refrão

O Senhor disse: «Vós sois deuses,
todos vós sois filhos do Altíssimo.
Mas, como homens, morrereis,
como os príncipes, todos vós sucumbireis». Refrão

EVANGELHO Lc 17, 11-19

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, indo Jesus a caminho de Jerusalém, passava entre a Samaria e a Galileia. Ao entrar numa povoação, vieram ao seu encontro dez leprosos. Conservando-se a distância, disseram em alta voz: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós». Ao vê-los, Jesus disse-lhes: «Ide mostrar-vos aos sacerdotes». E sucedeu que no caminho ficaram limpos da lepra. Um deles, ao ver-se curado, voltou atrás, glorificando a Deus em alta voz, e prostrou-se de rosto por terra aos pés de Jesus para Lhe agradecer. Era um samaritano. Jesus, tomando a palavra, disse: «Não foram dez os que ficaram curados? Onde estão os outros nove? Não se encontrou quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?». E disse ao homem: «Levanta-te e segue o teu caminho; a tua fé te salvou».
Palavra da salvação.

ESTE DIA
HORA E LOCAL ACÇÃO ESPECIFICAÇÃO (NOTAS)
09:00 CRUZ QUEBRADA Santa Missa
09:30 CRUZ QUEBRADA Confissões
16:00 SALÃO PAROQUIAL Santa Missa 51º Aniversário da criação da Paróquia de Cristo Rei de Algés (segue o convívio / magusto)
17:30 MIRAFLORES Confissões
18:00 MIRAFLORES Santa Missa
18:30 ALGÉS Confissões
19:00 ALGÉS Santa Missa
19:40 ALGÉS Atendimentos Baptismo e Matrimónio (marcação prévia)