Papa Francisco em Cagliari – 22 de Setembro de 2013

Devemos fazer obras caridade com ternura e humildade

In RR, 22-09-2013 15:25, Papa Francisco criticou aqueles que ajudam quem precisa só para darem nas vistas.

Ternura e humildade, assim se devem fazer as obras de caridade. Foi o recado do Papa Francisco deixado aos pobres ajudados pela Cáritas aos presos da casa de detenção de Cagliari, na ilha italiana de Sardenha, onde está de visita este domingo.

Na catedral de Cagliari, Francisco deixou um alerta àqueles que ajudam quem precisa só para darem nas vistas. “Devemos fazer obras de misericórdia com misericórdia, as obras de caridade com caridade, com ternura e sempre com humildade.”

“Sabem, às vezes encontra-se também arrogância no serviço aos pobres! Alguns fazem boa figura, enchem a boca com os pobres, alguns instrumentalizam os pobres para interesses pessoais ou do próprio grupo.”

“Bem sei, isto é humano, mas não está bem! E digo mais: isto é pecado! Seria melhor que ficassem em casa”, criticou o Papa

Papa alerta para o sofrimento e perda de dignidade causados pelo desemprego

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O Papa apelou este domingo na ilha da Sardenha a uma solução para a situação de crise económica e desemprego que se vive em vários países, um “desafio histórico”, apelando ao respeito pela “dignidade” dos trabalhadores.

Francisco falou numa crise não só económica, mas também ética, espiritual e humana, alertando para as “consequências de uma escolha mundial, de um sistema económico que leva a esta tragédia e que tem no centro um ídolo que se chama dinheiro”.

Na intervenção inaugural da segunda visita a uma cidade italiana, em Cagliari, o Papa destacou o “sofrimento” gerado pela crise económica e pela “falta de dignidade” provocada pela falta de trabalho.

Francisco deixou de lado o texto que tinha preparado e voltou a manifestar preocupações com a “eutanásia escondida” dos mais velhos e pela falta de trabalho para os mais novos.

“Num mundo onde as jovens gerações não têm trabalho, não há futuro, porque eles não têm dignidade”, observou.

O Papa pediu que sejam colocadas no centro da resposta política e económica “a pessoa e o trabalho”, com “solidariedade e inteligência”.

“Queremos um sistema justo”, com “o homem e a mulher ao centro”, em vez do actual “sistema económico globalizado”, acrescentou.

“Infelizmente, em especial quando há uma crise e a necessidade é grande, aumenta o trabalho desumano, o trabalho-escravo, o trabalho sem a justa segurança, ou então sem respeito pela criação, sem respeito pelo descanso, pela festa e pela família, o trabalhar ao domingo quando não é necessário”.

O Papa concluiu com uma oração, na qual pedia a Deus que ensinasse todos a “lutar pelo trabalho”.

Mais tarde, na homilia da missa celebrada no Santuário de Nossa Senhora de Bonaria, o Papa Francisco apelou à colaboração de todos, também da Igreja, para assegurar os direitos fundamentais de cada pessoa, em particular dos que sofrem as consequências da crise.

Porque está de visita à Sardenha, o Papa lembrou que aquela bela região italiana sofre há muito tempo com as situações de pobreza, acentuadas também pela sua condição insular.

“É necessária a colaboração leal da parte de todos, com o empenho dos responsáveis das instituições, também da Igreja, para assegurar às pessoas e às famílias os direitos fundamentais e fazer crescer uma sociedade mais fraterna e solidária.”

“Assegurar o direito ao trabalho, o direito a trazer pão para casa, pão ganho com o trabalho!”, exortou o Papa.

Francisco pediu ainda um olhar para os que mais precisam. “Olhemo-nos de modo mais fraterno! Há pessoas a quem instintivamente não ligamos e que, pelo contrário, precisam muito: os mais abandonados, os doentes, os que não conhecem Jesus, os jovens em dificuldade.”

“Não tenhamos medo de sair o olhar para os nossos irmãos com o olhar de Nossa Senhora. E não permitamos que alguma coisa ou alguém se entreponha entre nós e o olhar de Nossa Senhora”, acrescentou.

Papa vai ainda encontrar-se com pobres e reclusos e discursar na  Faculdade de Teologia sobre o mundo da cultura. A visita termina com um encontro