SEGUNDA-FEIRA – 8/DEZEMBRO/2014

ImaculadaConceicao_PeredaIMACULADA CONCEIÇÃO DE NOSSA SENHORA. Foi a 8/Dez./1854 que se realizou a definição deste dogma, desejado por tantos santos, pedido durante séculos, (nas cortes de 1646, D.João lV coroou a imagem da Imaculada Conceição de Vila Viçosa como rainha de Portugal), mas que Deus reservara para tempos mais recentes. A proclamação foi presidida por BTO. Pio IX, na presença de 50.000 fiéis, milhares de sacerdotes, 40 cardeais, 42 arcebispos e inúmeros religiosos(as) de várias congregações. O papa BTO. Pio IX iniciou com voz grave a leitura do decreto que definia a Imaculada Conceição da Virgem; ao chegar porém à passagem que referia precisamente a Imaculada Conceição, a sua voz enterneceu-se, as lágrimas assomaram-lhe aos olhos e quando pronunciou as palavras decisivas : “Definimos, decreta-mos e confirmamos”, a emoção e o pranto embargaram-lhe a palavra e viu-se obrigado a parar e enxugar as lágrimas que lhe corriam pelo rosto. Naquele momento o Papa BTOPio IX – com a sua inteligência, o seu sentimento e a sua vontade – interpretava o sentir profundo de toda a cristandade, feliz por amar e honrar a mãe de Cristo com um título tão singular, confirmado aliás pelo céu quatro anos mais tarde, (em 1858), nas aparições de N. SRA. de Lurdes a STA. Bernardete: “Eu sou a Imaculada Conceição!”, disse-lhe a Virgem.

Génesis 3, 9-15. 30 ; Sal 97,1-4 ; Efésios 1, 3-6.11-12 ; Lucas 1, 26-38

“EM JESUS CRlSTO, DEUS ESCOLHEU-NOS…” (Efés.1,3-6.11-12). Os comentadores da benção mor que abre a Carta aos Efésios interrogam-se: este “nós” inicial designará todos os homens, ou sobretudo o povo escolhido, Israel, primícias da humanidade que Deus quer finalmente adoptar? Ou ainda aqueles que, desde o princípio, acreditaram e esperaram em Cristo, os cristãos, primeiros convocados na Igreja de uma reunião universal? O “vós também”, nos versículos subsequentes, dá a entender que a carta se dirige também a outros grupos para lhes anunciar igual participação no desígnio de Deus. A hesitação é significativa e confirma pelo menos uma certeza: quando Deus escolhe alguns como Sua “parte”, Suas testemunhas, é para atingir, sempre mais longe, a totalidade da humanidade.

“ELE SERÁ GRANDE E CHAMAR-SE-Á FILHO DO ALTíSSIMO…” (Lucas 1,26-38). Elevação ou rebaixamento? Nós temos a tendência para opôr estes dois movimentos, enquanto que, para O Senhor, um passa pelo outro. Assim, O Verbo de Deus rebaixa-Se ao assumir a nossa carne e, por isso mesmo, Ele é reconhecido Filho dO Altíssimo: “Ele rebaixou-Se…e por isso Deus O exaltou” (Filip.2,8-9). A Imaculada Conceição parece também elevar Maria acima das outras pessoas , mas ao ser assim elevada, preservada do pecado (o pecado é aquilo que separa o homem de Deus e os homens entre si), Maria fica ainda mais próxima de nós e por isso rebaixada. À semelhança de Cristo e de Maria, compreendamos que O Senhor nos eleva rebaixando-nos, e nos rebaixa elevando-nos. Talvez esta seja uma forma de entendermos melhor a virtude da humildade que o mistério feliz da Anunciação nos convida a meditar.

“Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.