TERÇA-FEIRA – 4/NOVEMBRO/2014

SaoCarlosBorromeuS. CARLOS BORROMEU (1538-84). Desde STO. Ambrósio, no séc.IV, ao cardeal Carlo Maria Martini (falecido em 2012), a diocése de Milão teve muitas vezes à frente homens de fé e envergadura, à imagem do BTO. PauloVI ou de S.Carlos Borromeu.  Este último nasceu num tempo em que a Igreja católica, fortemente abalada pelo desafio do protestantismo, começou a ter consciência da necessidade de uma reforma profunda. Sobrinho do papa Pio IV, que o tinha nomeado cardeal com 22 anos de idade, Carlos Borromeu foi um dos principais actores da renovação do catolicismo.  Primeiro, ele contribuiu para o recomeço do Concílio de Trento em 1562, e depois, para a sua conclusão no ano seguinte : “Eu desejo que, a partir de agora, nos es-forcemos por aplicar as decisões deste santo concílio”, escrevia então. Juntado os actos às palavras, ele próprio se empenhou a promovê-lo na diocése de Milão para onde fora nomeado arcebispo em 1564. A formação do clero e dos fiéis era medíocre? Borromeu abriu os 1OS seminários diocesanos e restaurou o ensino do catecismo. A vida religiosa era fraca ?  O arcebispo restabeleceu a disciplina e a piedade. Para adaptar as decisões gerais do concílio à realidade do terreno, ele convocou também numerosos sínodos e, mais ainda, visitou diversas vezes todas as paróquias da sua vasta diocése, indo mesmo às mais recônditas! Alguns opuseram-se à sua vontade de reforma e tentaram até assassiná-lo! Mas a tenacidade e a humildade deste prelado notável, que amava tanto os fiéis que ficou no meio deles durante a terrível epidemia da peste de 1576, depressa acalmaram as animosidades. Carlos Borromeu morreu em 1584, com apenas 46 anos, literalmente esgotado pelo apostolado. Mas aquele que encarnou o arquétipo do bispo prégado pelo concílio de Trento teve uma irradiação póstuma considerável na Europa inteira. Ainda no séc.XX, os dois papas recentemente canonizados – S. João XXIII e S. João-Paulo II – tinham por ele uma devoção profunda. Tal como o seu predecessor Pio XI que, em 1934, proclamou S. Carlos Borromeu padroeiro das obras catequéticas. Peçamos-lhe pelo Sínodo 2016 da diocese de Lisboa!

Filipenses  2, 5-11 ; Sal 21, 26b-30a . 30c-32 ; Lucas 14, 15-24

PASSAR À OUTRA MARGEM (Filip.2,5-11). Para se interiorizarem as disposições que foram as de Cristo é necessário passar tempo com Ele na leitura do Evangelho e na oração. A oposição entre a “condição de Deus” e a “condição de servo” desperta-nos a atenção. Que nos diz ela, senão que, por amor dO Pai e da humanidade é “possível” renunciar às suas prerrogativas, tornar-se vulnerável, honrando o outro fazendo-se seu servo.  Paulo não nos convida aqui nem à auto-destruição nem à auto-depreciação, mas sobretudo a passar para essa “outra margem” que consiste em deixar-se habitar e mover pelo espírito de Cristo.

“VINDE, O BANQUETE AGORA ESTÁ PRONTO…” (Luc.14,15-24).  Quantas vezes Jesus nos é mostrado a comer ou a falar da refeição! Com efeito, a mesa é o lugar natural do convívio, do acolhimento. Ou, pelo contrário, da exclusão : recordo aquela refeição oferecida pelo sogro de Martin Luther King a um amigo branco ;  eles não comeram juntos, porque seria impensável que um Branco e um Negro se sentassem à mesma mesa. Ora no evangelho acontece precisamente o inverso! As nossas refeições na terra devem ser o sinal do banquete das núpcias dO Reino, banquete ao qual todos somos chamados: ali não não haverá nem ricos nem pobres, mas apenas filhos de Deus. Para os nossos sinais aqui na terra poderem ser disso Sinal, há que inventar fórmulas que tornem  os nossos costumes familiares, regionais, culturais, um reflexo do Evangelho.

“Meditações Bíblicas”, trad. das Irmãs Dominicanas de Notre-Dame de Beaufort (Supl. Panorama, Ed. Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.