Entrega do Credo (5.º volume)

A ENTREGA DO CREDO

  1. Introdução
  2. As tradições, sobretudo do Credo (o Símbolo da Fé) e do Pai Nosso (a Oração Dominical)
  3. Mensagem aos Pais
  4. «Com o coração se acredita para obter a justiça e com a boca se professa a fé para alcançar a salvação» (Rm 10,10)
  5. Os catequistas
  6. A profissão de fé cristã na Igreja

CAP. PRIMEIRO – CREIO EM DEUS PAI

CAP. SEGUNDO – CREIO EM JESUS CRISTO, O FILHO UNIGÉNITO DE DEUS

CAP. TERCEIRO – CREIO NO ESPíRITO SANTO

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1. INTRODUÇÃO

O Credo, os Sacramentos, os Mandamentos e o Pai nosso, sendo as colunas da vida em Cristo Jesus, nosso Senhor, são os conteúdos da catequese. Pela mesma razão são as bases para a iniciação cristã (sacramentos do Baptismo, da Confirmação e da Eucaristia) que se prepara mediante a mesma catequese. É aos pais que compete a transmissão da fé, enquanto que à catequese compete colaborar com os pais nessa belíssima missão.>>> top

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2. AS TRADIÇÕES

No tempo da purificação e da iluminação, aqueles que se preparam para receber os sacramentos da Iniciação Cristã fazem-no mais intensamente através de vários ritos, sobretudo pelos escrutínios e pelas tradições. «As “tradições”, pelas quais a igreja entrega aos eleitos os antiquíssimos documentos da fé e da oração – o símbolo e a oração dominical -, têm como finalidade a sua iluminação. No Símbolo, em que se proclamam as maravilhas de Deus para salvação dos homens, os olhos dos eleitos são inundados de fé e de alegria. Na oração dominical, reconhecem em toda a sua profundeza o novo espírito de filhos, pelo qual chamam a Deus seu Pai, sobretudo na assembleia eucarística» (RICA 25).

Aqueles que foram baptizados em criança fazem a sua caminhada catequética depois do Baptismo. Também estes recebem o Credo (símbolo da fé) como documento daquele dom que se professa com a boca e acredita com o coração (II Leitura do I Domingo da Quaresma, ano C).>>> top

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3. MENSAGEM AOS PAIS

Caríssimos pais,
No dia em que pedistes à Igreja o Baptismo para os vossos filhos, assumistes também o compromisso de os educar na fé através do exemplo e da palavra. Ao mesmo tempo vós próprios proclamastes a fé da Igreja em nome dos vossos filhos, diante de Deus.
Como nos lembra Santa Igreja, «pela ordem da própria criação o ministério e a função dos Pais no Baptismo das crianças têm prioridade sobre a função dos Padrinhos» (B.c.; pr 5).
Já na celebraçõa do matrimónio os esposos declaram estar dispostos a «receber amorosamente os filhos como dom de Deus e a educá-los segundo a lei de Cristo e da sua Igreja» (Mat. 60). Vós fizestes o snal da Cruz na fronte dos vossos filhos.
«Depois de realizado o Baptismo, os Pais, por gratidão para com Deus e por fidelidade à missão que aceitaram, devem levar o filho a conhecer Deus, de quem se tornou filho adoptivo, bem como a prepará-lo para receber a Confirmação e participar na Eucaristia.» (B.c.; pr 5, al. 5).
Para isto, além dos sacramentos celebrados, recebestes a bênção de Deus em Quem acreditais.
Chegou o momento de os vossos filhos darem um passo na sua peregrinação da fé: o de receberem o Credo, o documento da fé da Igreja.
Caríssimos Pais, estando conscientes do compromisso que assumistes, de ser exemplo de fé para os vossos filhos, lembrai o vosso próprio Baptismo, a renúncia ao pecado e a vocação à santidade.
Que a entrega do Credo aos vossos filhos seja também para vós e para toda a comunidade paroquial um momento de conversão e renovação espiritual, de perseverança na fé e testemunho missionário segundo o mandato de Jesus: «Ide, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo» (Mt 28,19). A Sagrada Família onde Deus quis nascer seja sempre o vosso modelo e intercessão de sabedoria, fortaleza, alegria e santidade. >>> top

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4. «COM O CORAÇÃO SE ACREDITA PARA OBTER A JUSTIÇA E COM A BOCA SE PROFESSA A FÉ PARA ALCANÇAR A SALVAÇÃO» (Rm 10,10)

No Catecumenado, os que recebem a Tradição do Símbolo devem aprendê-lo de cor para depois o dizerem publicamente antes de professarem a sua fé de acordo com ele no dia do seu Baptismo (RICA 183).
Esta profissão de fé é preparada com a redição do Símbolo, na celebração dos Ritos imediatemante preparatórios (cf. RICA 193-2017a). (estes Ritos são: I. Redição do Símbolo; II. «Effathá»; III. Escolha do nome cristão; IV. Unção com o óleo dos enfermos).
Assim também àqueles que felizmente receberam o Baptismo em crianças se entrega o mesmo Credo, para o conhecerem ainda melhor durante o ano de catequese, em preparação para a sua Profissão de Fé (perto dos 12 anos de idade). >>> top

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5. OS CATEQUISTAS

Na sua missão de colaboração com os Pais na transmissão da fé em nome da Igreja, os catequistas são chamados a uma formação continuada sobre as de modo a conhecer convenientemente os conteúdos da doutrina católica.
E assim como em outras fases da formação catequética puderam meditar sobre a oração do Pai nosso, sobre a Vida em Cristo (mandamentos e bem-aventuranças), sobre a celebração dos sacramentos (em particular o Baptismo, a Confirmação, a Penitência, a Sagrada Eucaristia) podem agora conhecer melhor os doze artigos da fé.
Ficarão assim mais aptos para formar as crianças neste período entre a recepção do Credo e a Profissão de Fé.
Para tal é muito útil a leitura da Primeira Parte do Catecismo da Igreja Católica – Compêndio: A profissão de fé. Antes da Secção II sobre “A profissão da fé cristã” que a seguir se apresenta (acessível em vatican.va), a Secção I, intitulada “Eu creio – nós cremos”, explica alguns pontos do desígnio de Deus: que o homem é capaz de Deus; que Deus vem ao encontro do homem; e sobre a resposta de fé do homem a Deus. >>> top

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6. A PROFISSÃO DE FÉ CRISTÃ

O primeiro Símbolo de fé, o Símbolo dos Apóstolos, é composto por doze artigos:

I. Creio em Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra

II. E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor
III. que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria;
IV. padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado;
V. desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia;
VI. subiu aos Céus; está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
VII. de onde há-de vir a julgar os vivos e os mortos.

VIII. Creio no Espírito Santo;
IX. na santa Igreja Católica; na comunhão dos Santos;
X. na remissão dos pecados;
XI. na ressurreição da carne;
XII. e na vida eterna. Amen. >>> top

(a seguir, os números do Compêndio)

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A – CREIO EM DEUS PAI E OS SÍMBOLOS DA FÉ

33. O que são os Símbolos da Fé?
São fórmulas articuladas, também chamadas «profissões de fé» ou «Credo», mediante as quais a Igreja, desde as suas origens, exprimiu resumidamente e transmitiu a própria fé, numa linguagem normativa e comum a todos os fiéis.

34. Quais são os mais antigos Símbolos da fé?
São os Símbolos baptismais. Porque o Baptismo é administrado «em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo» (Mt 28,19), as verdades de fé neles professadas estão articuladas segundo a sua referência às três Pessoas da Santíssima Trindade.

35. Quais são os mais importantes Símbolos da fé?
São o Símbolo dos Apóstolos, que é o antigo Símbolo baptismal da Igreja de Roma, e o Símbolo niceno-constantinopolitano, fruto dos primeiros dois Concílios Ecuménicos de Niceia (325) e de Constantinopola (381), e que é, ainda hoje, comum a todas as grandes Igrejas do Oriente e do Ocidente. >>> top

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Artigo I. «CREIO EM DEUS, PAI OMNIPOTENTE, CRIADOR DO CÉU E DA TERRA»

36. Porque é que a profissão de fé começa com «Creio em Deus»?
Porque a afirmação «Creio em Deus» é a mais importante, a fonte das outras verdades respeitantes ao homem, ao mundo e à nossa vida de crentes n’Ele.

37. Porque professamos um só Deus?
Porque Ele se revelou ao povo de Israel como o Único, quando disse: «Escuta Israel, o Senhor é um só» (Dt 6,4), «não há outros» (Is 45,22). O próprio Jesus o confirmou: Deus é «o único Senhor» (Mc 12,29). Professar que Jesus e o Espírito Santo são também eles Deus e Senhor, não introduz nenhuma divisão no Deus Uno.

38. Com que nome Deus se revela?
Deus revela-se a Moisés como o Deus vivo, «o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacob» (Ex 3,6). Ao mesmo Moisés, Deus revela também o seu nome misterioso: «Eu Sou aquele que Sou (YHWH)». O nome inefável de Deus, já nos tempos do Antigo Testamento, foi substituído pela palavra Senhor. Assim, no Novo Testamento, Jesus, chamado Senhor, aparece como verdadeiro Deus.

39. Só Deus «é»?
Enquanto as criaturas receberam d\u2019Ele tudo o que são e têm, só Deus é em si mesmo a plenitude do ser e de toda a perfeição. Ele é «Aquele que é», sem origem e sem fim. Jesus revela que também Ele é portador do nome divino: «Eu sou» (Jo 8, 28).

40. Porque é importante a revelação do nome de Deus?
Ao revelar o seu Nome, Deus dá a conhecer as riquezas do seu mistério inefável: só Ele é, desde sempre e para sempre, Aquele que transcende o mundo e a história. Foi Ele que fez o céu e aterra. Ele é o Deus fiel, sempre próximo do seu povo para o salvar. É o Santo por excelência, «rico de misericórdia» (Ef 2,4), sempre pronto a perdoar. É o Ser espiritual, transcendente, omnipotente, eterno, pessoal, perfeito. É verdade e amor.

«Deus é o ser infinitamente perfeito que é a Santíssima Trindade» (S. Turíbio de Mongrovejo).

41. Em que sentido Deus é a verdade?
Deus é a própria Verdade e como tal não se engana e não pode enganar. Ele «é luz e n’Ele não há trevas» (1 Jo 1,5). O Filho eterno de Deus, Sabedoria encarnada, foi enviado ao mundo «para dar testemunho da Verdade» (Jo 18, 37).

42. De que maneira Deus revela que é amor?
Deus revela-se a Israel como Aquele que tem um amor mais forte que o pai ou a mãe pelos seus filhos ou o esposo pela sua esposa. Ele, em Si mesmo, «é amor» (1 Jo 4,8.16), que se dá completa e gratuitamente, «que tanto amou o mundo que lhe deu o seu próprio Filho unigénito, para que o mundo seja salvo por seu intermédio» (Jo 3,16-17). Enviando o seu Filho e o Espírito Santo, Deus revela que Ele próprio é eterna permuta de amor.

43. O que implica crer em um só Deus?
Crer em Deus, o Único, implica: conhecer a sua grandeza e majestade; viver em acção de graças; confiar sempre n’Ele, até nas adversidades; reconhecer a unidade e a verdadeira dignidade de todos os homens, criados à imagem de Deus; usar rectamente as coisas por Ele criadas.

44. Qual é o mistério central da fé e da vida cristã?
O mistério central da fé e da vida cristã é o mistério da Santíssima Trindade. Os cristãos são baptizados no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

45. O mistério da Santíssima Trindade pode ser conhecido só pela razão humana?
Deus deixou alguns traços do seu ser trinitário na criação e no Antigo Testamento, mas a intimidade do seu Ser como Trindade Santa constitui um mistério inacessível à razão humana sozinha, e mesmo à fé de Israel, antes da Encarnação do Filho de Deus e do envio do Espírito Santo. Tal mistério foi revelado por Jesus Cristo e é a fonte de todos os outros mistérios.

46. O que nos revela Jesus Cristo sobre o mistério do Pai?
Jesus Cristo revela-nos que Deus é «Pai», não só enquanto é Criador do universo e do homem, mas sobretudo porque, no seu seio, gera eternamente o Filho, que é o seu Verbo, «resplendor da sua glória, e imagem da sua substância» (Heb 1,3).

47. Quem é o Espírito Santo que Jesus Cristo nos revelou?
É a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Ele é Deus, uno e igual ao Pai e ao Filho. Ele «procede do Pai» (Jo 15, 26), o qual, princípio sem princípio, é a origem de toda a vida trinitária. E procede também do Filho (Filioque), pelo dom eterno que o Pai faz de Si ao Filho. Enviado pelo Pai e pelo Filho encarnado, o Espírito Santo conduz a Igreja «ao conhecimento da Verdade total» (Jo 16, 13).

48. Como é que a Igreja exprime a sua fé trinitária?
A Igreja exprime a sua fé trinitária confessando um só Deus em três Pessoas: Pai e Filho e Espírito Santo. As três Pessoas divinas são um só Deus, porque cada uma delas é idêntica à plenitude da única e indivisível natureza divina. Elas são realmente distintas entre si, pelas relações que as referenciam umas às outras: o Pai gera o Filho, o Filho é gerado pelo Pai, o Espírito Santo procede do Pai e do Filho.

49. Como operam as três Pessoas divinas?
Inseparáveis na sua única substância, as Pessoas divinas são inseparáveis também no seu operar: a Trindade tem uma só e mesma operação. Mas no único agir divino, cada Pessoa está presente segundo o modo que lhe é próprio na Trindade.

«Ó meu Deus, Trindade que eu adoro… pacificai a minha alma;
fazei dela o vosso céu, vossa morada querida e o lugar do vosso repouso. Que eu não vos deixe nunca só, mas que esteja lá, com todo o meu ser, toda vigilante na minha fé, toda em adoração, toda oferecida à vossa acção criadora» (Beata Isabel da Trindade).

50. O que significa que Deus é omnipotente?
Deus revelou-se como «o Forte, o Potente» (Sal 24, 8-10), Aquele para quem «nada é impossível» (Lc 1,37). A sua omnipotência é universal, misteriosa, e manifesta-se na criação do mundo a partir do nada e na criação do homem por amor, mas sobretudo na Encarnação e na Ressurreição do Seu Filho, no dom da adopção filial e no perdão dos pecados. Por isso a Igreja dirige a sua oração ao «Deus omnipotente e eterno» («Omipotens sempiterne Deus»).

51. Porque é importante afirmar: «No princípio criou Deus o céu e a terra» (Gn 1,1)?
Porque a Criação é o fundamento de todos os projectos divinos de salvação; manifesta o amor omnipotente e sapiente de Deus; é o primeiro passo para a Aliança do Deus único com o seu povo; é o início da história da salvação que culmina em Cristo; é uma primeira resposta às questões fundamentais do homem acerca da sua própria origem e do seu fim.

52. Quem criou o mundo?
O Pai, o Filho e o Espírito Santo são o princípio único e indivisível do mundo, ainda que a obra da criação do mundo seja particularmente atribuída ao Pai.

53. Para que foi criado o mundo?
O mundo foi criado para a glória de Deus, que quis manifestar e comunicar a sua bondade, verdade e beleza. O fim último da criação é que Deus, em Cristo, possa ser «tudo em todos» (1 Cor 15,28), para a sua glória e para a nossa felicidade.

«A Glória de Deus é o homem vivo e a vida do homem é a visão de Deus» (Santo Ireneu).

54. Como é que Deus criou o universo?
Deus criou o universo livremente, com sabedoria e amor. O mundo não é o produto duma necessidade, dum destino cego ou do acaso. Deus criou «do nada» (ex nihilo: 2 Mac 7,28) um mundo ordenado e bom, que Ele transcende infinitamente. Deus conserva no ser a sua criação e sustenta-a, dando-lhe a capacidade de agir, e conduzindo-a à sua realização, por meio do seu Filho e do Espírito Santo.

55. Em que consiste a Providência divina?
A Providência divina consiste nas disposições com as quais Deus conduz as suas criaturas para a perfeição última, à qual Ele as chamou. Deus é o autor soberano do seu desígnio. Mas para a realização do mesmo serve-se também da cooperação das suas criaturas. Ao mesmo tempo, dá às criaturas a dignidade de agirem por si mesmas, de serem causas umas das outras.

56. Como é que o homem colabora com a Providência divina?
Ao homem, Deus concede e requer, respeitando a sua liberdade, a colaboração através das suas acções, das suas orações e mesmo com os seus sofrimentos, suscitando nele «o querer e o operar segundo os seus benévolos desígnios» (Filp 2,13).

57. Se Deus é omnipotente e providente porque é que existe o mal?
A esta pergunta, tão dolorosa quanto misteriosa, só o conjunto da fé cristã pode dar resposta. Deus não é de maneira nenhuma, nem directamente nem indirectamente, a causa do mal. Ele ilumina o mistério do mal no seu Filho Jesus Cristo, que morreu e ressuscitou para vencer aquele grande mal moral que é o pecado dos homens e que é a raiz dos outros males.

58. Porque é que Deus permite o mal?
A fé dá-nos a certeza de que Deus não permitiria o mal se do próprio mal não extraísse o bem. Deus realizou admiravelmente isso mesmo na morte e ressurreição de Cristo: com efeito, do maior mal moral, a morte do Seu Filho, Ele retirou os bens maiores, a glorificação de Cristo e a nossa redenção. >>> top

O céu e a terra

59. O que é que Deus criou?
A Sagrada Escritura diz: «No princípio Deus criou o céu e a terra» (Gn 1,1). A Igreja, na sua profissão de fé, proclama que Deus é o criador de todas as coisas visíveis e invisíveis: de todos os seres espirituais e materiais, isto é, dos anjos e do mundo visível, e em particular do homem.

60. Quem são os anjos?
Os anjos são criaturas puramente espirituais, incorpóreas, invisíveis e imortais, seres pessoais dotados de inteligência e de vontade. Estes, contemplando incessantemente a Deus face a face, glorificam-no, servem-no e são os seus mensageiros no cumprimento da missão de salvação, em prol de todos os homens.

61. Como é que os anjos estão presentes na vida da Igreja?
A Igreja une-se aos anjos para adorar a Deus, invoca a sua assistência e celebra liturgicamente a memória de alguns.

«Cada fiel tem ao seu lado um anjo como protector e pastor, para o conduzir à vida» (S. Basílio Magno).

62. Que ensina a Sagrada Escritura sobre a criação do mundo visível?
Ao narrar os «seis dias» da criação, a Sagrada Escritura dá-nos a conhecer o valor dos seres criados e a sua finalidade de louvor a Deus e serviço ao homem. Todas as coisas devem a sua existência a Deus, de quem recebem a sua bondade e perfeição, as suas leis e o lugar no universo.

63. Qual é o lugar do homem na criação?
O homem é o vértice da criação visível, pois é criado à imagem e semelhança de Deus.

64. Que tipo de relação existe entre as coisas criadas?
Entre as criaturas existe uma interdependência e uma hierarquia queridas por Deus. Ao mesmo tempo, existe uma unidade e solidariedade entre as criaturas, uma vez que todas têm o mesmo Criador, são por Ele amadas e estão ordenadas para a sua glória. Respeitar as leis inscritas na Criação e as relações derivantes da natureza das coisas é portanto um princípio de sabedoria e um fundamento da moral.

65. Qual a relação entre a obra da criação e a da redenção?
A obra da criação culmina na obra ainda maior da redenção. Com efeito, esta dá início à nova criação, na qual tudo reencontrará o seu pleno sentido e o seu acabamento. >>> top

O homem

66. Em que sentido o homem é criado «à imagem de Deus»?
Afirmar que o homem é criado à imagem de Deus significa que ele é capaz de conhecer e amar, na liberdade, o próprio Criador. É a única criatura, nesta terra, que Deus quis por si mesma e que chamou a partilhar a sua vida divina, no conhecimento e no amor. Enquanto criado à imagem de Deus, o homem tem a dignidade de pessoa: não é uma coisa mas alguém, capaz de se conhecer a si mesmo, de se dar livremente e de entrar em comunhão com Deus e com as outras pessoas.

67. Para que fim Deus criou o homem?
Deus criou tudo para o homem, mas o homem foi criado para conhecer, servir e amar a Deus, para Lhe oferecer neste mundo toda a criação em acção de graças e para ser elevado à vida com Deus no céu. Só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente o mistério do homem, predestinado a reproduzir a imagem do Filho de Deus feito homem, que é a perfeita «imagem de Deus invisível» (Col 1, 15).

68. Porque é que os homens constituem uma unidade?
Todos os homens formam a unidade do género humano, graças à sua comum origem em Deus. Para além disso, Deus criou «a partir de um só homem todo o género humano» (Act 17,26). Todos têm também um único Salvador e todos são chamados a partilhar a eterna felicidade de Deus.

69. Como é que, no homem, a alma e o corpo formam uma unidade?
A pessoa humana é um ser ao mesmo tempo corpóreo e espiritual. O espírito e a matéria, no homem, formam uma única natureza. Esta unidade é tão profunda que, graças ao princípio espiritual que é a alma, o corpo, que é material, se torna um corpo humano e vivo e participa na dignidade de imagem de Deus.

70. Quem dá a alma ao ser humano?
A alma espiritual não vem dos pais, mas é criada directamente por Deus e é imortal. Separando-se do corpo no momento da morte, ela não perece; voltará a unir-se novamente ao corpo, no momento da ressurreição final.

71. Que relação Deus estabeleceu entre o homem e a mulher?
O homem e a mulher foram criados por Deus com uma igual dignidade enquanto pessoas humanas e, ao mesmo tempo, numa complementaridade recíproca enquanto masculino e feminino. Deus quis que fossem um para o outro, para uma comunhão de pessoas. Juntos são também chamados a transmitir a vida humana, formando no matrimónio «uma só carne» (Gn 2, 24), e a dominar a terra como «administradores» de Deus.

72. Qual era a condição originária do homem segundo o projecto de Deus?
Deus, criando o homem e a mulher, tinha-lhes dado uma participação especial na própria vida divina, em santidade e justiça. Segundo o projecto de Deus, o homem não deveria nem sofrer nem morrer. Além disso, reinava uma harmonia perfeita no próprio ser humano, entre a criatura e o criador, entre o homem e a mulher, bem como entre o primeiro casal humano e toda a criação. >>> top

A queda

73. Como se compreende a realidade do pecado?
O pecado está presente na história do homem. Tal realidade só se esclarece plenamente à luz da Revelação divina, e sobretudo à luz de Cristo Salvador universal, que fez superabundar a graça onde abundou o pecado.

74. O que é a queda dos anjos?
Com esta expressão indica-se que Satanás e os outros demónios de que falam a Sagrada Escritura e a Tradição da Igreja, de anjos criados bons por Deus, se transformaram em maus, porque, mediante uma opção livre e irrevogável, recusaram Deus e o seu Reino, dando assim origem ao inferno. Procuram associar o homem à sua rebelião contra Deus; mas Deus afirma em Cristo a Sua vitória segura sobre o Maligno.

75. Em que consiste o primeiro pecado do homem?
O homem, tentado pelo diabo, deixou apagar no seu coração a confiança em relação ao seu Criador e, desobedecendo-lhe, quis tornar-se «como Deus», sem Deus e não segundo Deus (Gn 3, 5). Assim, Adão e Eva perderam imediatamente, para si e para todos os seus descendentes, a graça da santidade e da justiça originais.

76. O que é o pecado original?
O pecado original, no qual todos os homens nascem, é o estado de privação da santidade e da justiça originais. É um pecado por nós «contraído» e não «cometido»; é uma condição de nascimento e não um acto pessoal. Por causa da unidade de origem de todos os homens, ele transmite-se aos descendentes de Adão com a natureza humana, «não por imitação mas por propagação». Esta transmissão permanece um mistério que não podemos compreender plenamente.

77. Que outras consequências provoca o pecado original?
Em consequência do pecado original, a natureza humana, sem ser totalmente corrompida, fica ferida nas suas forças naturais, submetida à ignorância, ao sofrimento, ao poder da morte, e inclinada ao pecado. Tal inclinação é chamada concupiscência.

78. Depois do primeiro pecado, o que fez Deus?
Após o primeiro pecado, o mundo foi inundado por pecados, mas Deus não abandonou o homem ao poder da morte. Pelo contrário, pré-anunciou de modo misterioso – no «Proto-evangelho» (Gn 3,15) – que o mal seria vencido e o homem levantado da queda. É o primeiro anúncio do Messias redentor. Por isso a queda será mesmo chamada feliz culpa, porque «mereceu um tal e tão grande Redentor» (Liturgia da Vigília pascal). >>> top

B – CREIO EM JESUS CRISTO, O FILHO UNIGÉNITO DE DEUS

79. Qual é a Boa Nova para o homem?
É o anúncio de Jesus Cristo, «o Filho do Deus vivo» (Mt 16,16), morto e ressuscitado. No tempo do rei Herodes e do imperador César Augusto, Deus cumpriu as promessas feitas a Abraão e à sua descendência enviando «o Seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei, e nos tornar seus filhos adoptivos» (Gal 4, 4-5).

80. Como se difunde esta Boa Nova?
Desde o início os primeiros discípulos tiveram um ardente desejo de anunciar Jesus Cristo, com o fim de conduzir à fé n’Ele. Também hoje, do amoroso conhecimento de Cristo nasce o desejo de evangelizar e catequizar, isto é, de revelar na sua pessoa o pleno desígnio de Deus e de colocar a humanidade em comunhão com Ele.

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Artigo II. «E EM JESUS CRISTO, SEU ÚNICO FILHO, NOSSO SENHOR»

81. Que significa o nome «Jesus»?
Dado pelo Anjo no momento da Anunciação, o nome «Jesus» significa «Deus salva». Exprime a sua identidade e a sua missão, «porque é Ele que salvará o seu povo dos seus pecados» (Mt 1,21). Pedro afirma que «não existe debaixo do céu outro Nome dado aos homens pelo qual possamos ser salvos» (Act 4,12).

82. Porque é que Jesus é chamado «Cristo»?
«Cristo» em grego, «Messias» em hebraico, significa «ungido». Jesus é o Cristo porque é consagrado por Deus, ungido pelo Espírito Santo para a missão redentora. Ele é o Messias esperado por Israel, enviado ao mundo pelo Pai. Jesus aceitou o título de Messias, precisando porém o seu sentido: «descido do céu» (Jo 3,13), crucificado e depois ressuscitado, Ele é o Servo Sofredor «que dá a sua vida em resgate pela multidão» (Mt 20,28). Do nome Cristo é que veio para nós o nome de cristãos.

83. Em que sentido Jesus é o «Filho Unigénito de Deus»?
No sentido único e perfeito. No momento do Baptismo e da Transfiguração, a voz do Pai designa Jesus como seu «Filho predilecto». Apresentando-se a Si mesmo como o Filho que «conhece o Pai» (Mt 11,27), Jesus afirma a Sua relação única e eterna com Deus Seu Pai. Ele é «o Filho Unigénito de Deus» (1 Jo 2, 23), a segunda Pessoa da Trindade. É o centro da pregação apostólica: os Apóstolos viram «a Sua glória, como de Unigénito do Pai» (Jo 1, 14).

84. O que significa o título «Senhor»?
Na Bíblia, este título designa habitualmente Deus Soberano. Jesus atribui-o a si mesmo e revela a sua soberania divina através do poder sobre a natureza, sobre os demónios, sobre o pecado e sobre a morte, sobretudo com a sua Ressurreição. As primeiras confissões cristãs proclamam que o poder, a honra e a glória devidas a Deus Pai são também devidas a Jesus: Deus «deu-Lhe o Nome que está acima de todos os nomes» (Fil 2,9). Ele é o Senhor do mundo e da história, o único a quem o homem deve submeter completamente a própria liberdade pessoal. >>> top

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Artigo III. «JESUS CRISTO FOI CONCEBIDO PELO PODER DO ESPÍRITO SANTO, E NASCEU DA VIRGEM MARIA»

85. Porque é que o Filho de Deus se fez homem?
O Filho de Deus encarnou no seio da Virgem Maria pelo poder do Espírito Santo, por causa de nós homens e para nossa salvação, ou seja: para nos reconciliar a nós pecadores com Deus; para nos fazer conhecer o seu amor infinito; para ser o nosso modelo de santidade; para nos tornar «participantes da natureza divina» (2 Ped 1, 4).

86. Que significa a palavra «Encarnação»?
A Igreja chama «Encarnação» ao mistério da admirável união da natureza divina e da natureza humana na única Pessoa divina do Verbo. Para realizar a nossa salvação, o Filho de Deus fez-se «carne» (Jo 1,14) tornando-se verdadeiramente homem. A fé na Encarnação é o sinal distintivo da fé cristã.

87. De que modo Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem?
Jesus é, inseparavelmente, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, na unidade da sua Pessoa divina. Ele, o Filho de Deus, que é «gerado, não criado, consubstancial ao Pai», fez-se verdadeiramente homem, nosso irmão, sem com isto deixar de ser Deus, nosso Senhor.

88. Que ensina acerca disto o Concílio de Calcedónia (ano 451)?
O Concílio de Calcedónia ensina a confessar «um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito na sua divindade e perfeito na sua humanidade; verdadeiro Deus e verdadeiro homem, composto de alma racional e de corpo, consubstancial ao Pai pela sua divindade, consubstancial a nós pela humanidade, «em tudo semelhante a nós, excepto no pecado» (Heb 4, 15); gerado pelo Pai antes de todos os séculos, segundo a divindade e, nestes últimos tempos, por nós homens e para nossa salvação, nascido da Virgem Maria e Mãe de Deus, segundo a humanidade».

89. Como é que a Igreja exprime do mistério da Encarnação?
Exprime-o afirmando que Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, com duas naturezas, a divina e a humana, que se não confundem, mas estão unidas na Pessoa do Verbo. Portanto, na humanidade de Jesus, tudo – milagres, sofrimento, morte – deve ser atribuído à sua Pessoa divina, que age através da natureza humana assumida.

«Ó Filho Unigénito e Verbo de Deus, Tu que és imortal, para a nossa salvação dignaste-Te encarnar no seio da santa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria (…). Tu que és Um da Santa Trindade, glorificado com o Pai e o Espírito Santo, salva-nos!» (Liturgia Bizantina de S. João Crisóstomo).

90. O Filho de Deus feito homem tinha uma alma com um conhecimento humano?
O Filho de Deus assumiu um corpo animado por uma alma racional humana. Com a sua inteligência humana, Jesus aprendeu muitas coisas através da experiência. Mas também, como homem, o Filho de Deus tinha um conhecimento íntimo e imediato de Deus seu Pai. Penetrava igualmente os pensamentos secretos dos homens e conhecia plenamente os desígnios eternos que Ele viera revelar.

91. Como se harmonizam as duas vontades do Verbo encarnado?
Jesus tem uma vontade divina e uma vontade humana. Na sua vida terrena, o Filho de Deus quis humanamente o que divinamente decidiu com o Pai e o Espírito Santo para a nossa salvação. A vontade humana de Cristo segue, sem oposição ou relutância, a vontade divina, ou melhor, está subordinada a ela.

92. Cristo tinha um verdadeiro corpo humano?
Cristo assumiu um verdadeiro corpo humano, através do qual Deus invisível se tornou visível. Por esta razão, Cristo pode ser representado e venerado nas santas imagens.

93. O que significa o Coração de Jesus?
Jesus conheceu-nos e amou-nos com um coração humano. O Seu coração trespassado para nossa salvação é o símbolo daquele infinito amor com o qual Ele ama o Pai e cada um dos homens.

94. «Concebido por obra do Espírito Santo…»: o que significa esta expressão?
Significa que a Virgem Maria concebeu o Filho eterno no seu seio, por obra do Espírito Santo e sem a colaboração de homem: «O Espírito Santo descerá sobre ti» (Lc 1, 35), disse-lhe o Anjo na Anunciação.

95. «… Nascido da Virgem Maria»: porque é que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus?
Maria é verdadeiramente Mãe de Deus porque é a mãe de Jesus (Jo 2,1; 19,25). Com efeito, Aquele que foi concebido por obra do Espírito Santo e que se tornou verdadeiramente Filho de Maria é o Filho eterno de Deus Pai. É Ele mesmo Deus.

96. O que significa «Imaculada Conceição»?
Deus escolheu gratuitamente Maria desde toda a eternidade para que fosse a Mãe de seu Filho: para cumprir tal missão, foi concebida imaculada. Isto significa que, pela graça de Deus e em previsão dos méritos de Jesus Cristo, Maria foi preservada do pecado original desde a sua concepção.

97. Como colabora Maria no desígnio divino da salvação?
Durante toda a sua existência, por graça de Deus, Maria conservou-se imune de todo o pecado pessoal. É a «cheia de graça» (Lc 1,28) e a «Toda Santa». Quando o Anjo lhe anuncia que dará à luz «o Filho do Altíssimo» (Lc 1,32), dá livremente o seu assentimento com a «obediência da fé» (Rm 1,5). Maria entrega-se totalmente à Pessoa e obra do seu Filho Jesus, abraçando com toda a alma a vontade divina de salvação.

98. Que significa a conceição virginal de Jesus?
Significa que Jesus foi concebido no seio da Virgem apenas pelo poder do Espírito Santo, sem intervenção de homem. Ele é o Filho do Pai celeste, segundo a natureza divina, e Filho de Maria segundo a natureza humana, mas propriamente Filho de Deus nas suas naturezas, existindo nele uma única Pessoa, a divina.

99. Em que sentido Maria é «sempre Virgem»?
No sentido de que Maria «permaneceu Virgem na concepção do seu Filho, Virgem no parto, Virgem grávida, Virgem mãe, Virgem perpétua» (Santo Agostinho). Portanto, quando os Evangelhos falam de «irmãos e irmãs de Jesus», trata-se de parentes próximos de Jesus, segundo uma expressão usual na Sagrada Escritura.

100. De que modo é que a maternidade espiritual de Maria é universal?
Maria tem um único Filho, Jesus, mas, n’Ele, a sua maternidade espiritual estende-se a todos os homens que Ele veio salvar. Obediente, ao lado do novo Adão, Jesus Cristo, a Virgem é a nova Eva, a verdadeira mãe dos vivos, que coopera com amor de mãe no seu nascimento e na sua formação na ordem da graça. Virgem e Mãe, Maria é a figura da Igreja e a sua realização mais perfeita.

101. Em que sentido toda a vida de Cristo é Mistério?
Toda a vida de Cristo é acontecimento de revelação: o que é visível na vida terrena de Jesus conduz ao seu Mistério invisível, sobretudo ao Mistério da sua filiação divina: «quem me vê, vê o Pai» (Jo 14, 19). Além disso, embora a salvação provenha plenamente da cruz e da ressurreição, toda a vida de Cristo é Mistério de salvação, porque tudo o que Jesus fez, disse e sofreu tinha como objectivo salvar o homem caído e restabelece-lo na sua vocação de filho de Deus.

102. Quais foram as preparações para os Mistérios de Jesus?
Antes de mais, houve uma longa preparação de muitos séculos, que nós revivemos na celebração litúrgica do tempo do Advento. Para além da obscura expectativa que colocou no coração dos pagãos, Deus preparou a vinda do seu Filho através da Antiga Aliança, até João Baptista que é o último e o maior dos profetas.

103. Que ensina o Evangelho sobre os Mistérios do nascimento e da infância de Jesus?
No Natal, a glória do Céu manifesta-se na debilidade dum menino; a circuncisão de Jesus é sinal da pertença ao povo hebraico e prefiguração do nosso Baptismo; a Epifania é a manifestação do Rei-Messias de Israel a todas as gentes; na sua apresentação no templo, em Simeão e Ana é toda a esperança de Israel que vem ao encontro do seu Salvador; a fuga para o Egipto e a matança dos inocentes anunciam que toda a vida de Cristo estará sob o sinal da perseguição; o seu regresso do Egipto recorda o Êxodo e apresenta Jesus como o novo Moisés: Ele é o verdadeiro e definitivo libertador.

104. O que é que nos ensina a vida oculta de Jesus em Nazaré?
Durante a vida oculta em Nazaré, Jesus permanece no silêncio duma vida normal. Permite-nos assim estar em comunhão com Ele, na santidade duma vida quotidiana feita de oração, de simplicidade, de trabalho, de amor familiar. A sua submissão a Maria e a José, seu pai putativo, é uma imagem da sua obediência filial ao Pai. Maria e José, com a sua fé, acolhem o Mistério de Jesus, ainda que nem sempre o compreendam.

105. Porque é que Jesus recebe de João o «baptismo de conversão para o perdão dos pecados» (Lc 3, 3)?
Para dar início à sua vida pública e antecipar o «Baptismo» da Sua morte: aceita assim, embora sendo sem pecado, ser contado entre os pecadores, Ele, «o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo» (Jo 1,29). O Pai proclama-O Seu «Filho predilecto» (Mt 3,17) e o Espírito desce sobre Ele. O baptismo de Jesus é a prefiguração do nosso baptismo.

106. O que revelam as tentações de Jesus no deserto?
As tentações de Jesus recapitulam a tentação de Adão no paraíso e as de Israel no deserto. Satanás tenta Jesus na sua obediência à missão que Lhe tinha sido confiada pelo Pai. Cristo, novo Adão, resiste, e a sua vitória anuncia a vitória da sua paixão, suprema obediência do seu amor filial. A Igreja une-se, em particular, a este Mistério, no tempo litúrgico da Quaresma.

107. Quem é convidado para o Reino de Deus, anunciado e realizado por Jesus?
Jesus convida todos os homens a tomar parte no Reino de Deus. Mesmo o pior pecador é chamado a converter-se e a aceitar a infinita misericórdia do Pai. O Reino pertence, já aqui sobre a terra, àqueles que o acolhem com coração humilde. É a eles que são revelados os seus Mistérios.

108. Porque é que Jesus anuncia o Reino com sinais e milagres?
Jesus acompanha a sua palavra com sinais e milagres para atestar que o Reino está presente n’Ele, o Messias. Embora Ele cure algumas pessoas, não veio para eliminar todos os males aqui na terra, mas, antes de mais, para nos libertar da escravidão do pecado. A expulsão dos demónios anuncia que a sua cruz será vitoriosa sobre o «príncipe deste mundo» (Jo 12,31).

109. Que autoridade confere Jesus aos seus Apóstolos, no Reino?
Jesus escolhe os Doze, futuras testemunhas da sua Ressurreição, e torna-os participantes da sua missão e da sua autoridade para ensinar, absolver os pecados, edificar e governar a Igreja. Neste colégio, Pedro recebe «as chaves do Reino» (Mt 16,19) e ocupa o primeiro lugar, com a missão de guardar a fé na sua integridade e de confirmar os seus irmãos.

110. Qual o significado da transfiguração?
Na Transfiguração aparece antes de mais a Trindade: «O Pai na voz, o Filho no homem, o Espírito na nuvem brilhante» (S. Tomás de Aquino). Evocando, com Moisés e Elias, a sua «partida» (Lc 9, 31), Jesus mostra que a sua glória passa através da cruz e antecipa a sua ressurreição e a sua vinda gloriosa, pois «transfigurará o nosso pobre corpo para transformá-lo no seu corpo glorioso» (Filp 3, 21).

«Transfiguraste-Te sobre a montanha e, na medida em que disso eram capazes, os teus discípulos contemplaram a Tua glória, Cristo Deus, para que, quando te vissem crucificado, compreendessem que a Tua Paixão era voluntária, e anunciassem ao mundo que Tu és verdadeiramente a irradiação do Pai» (Liturgia Bizantina).

111. Como se deu a entrada messiânica em Jerusalém?
No tempo estabelecido, Jesus decide subir a Jerusalém para sofrer a sua paixão, morrer e ressuscitar. Como Rei Messias que manifesta a vinda do reino, Ele entra na sua cidade montado num jumento. É acolhido pelos humildes, cuja aclamação é retomada no Sanctus eucarístico: «Bendito aquele que vem no nome do Senhor! Hossana (salva-nos)» (Mt 21,9). A liturgia da Igreja inicia a Semana Santa com a celebração desta entrada em Jerusalém. top

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Artigo IV. «JESUS CRISTO PADECEU SOB PÔNCIO PILATOS, FOI CRUCIFICADO, MORTO E SEPULTADO»

112. Qual é a importância do Mistério pascal de Jesus?
O Mistério pascal de Jesus, que compreende a sua paixão, morte, ressurreição e glorificação, está no centro da fé cristã, porque o desígnio salvífico de Deus se realizou uma vez por todas com a morte redentora do seu Filho, Jesus Cristo.

113. Quais as acusações para a condenação de Jesus?
Alguns chefes de Israel acusaram Jesus de agir contra a Lei, contra o templo de Jerusalém, e em particular contra a fé no Deus único, porque Ele se proclamava Filho de Deus. Por isso, O entregaram a Pilatos, para que O condenasse à morte.

114. Qual o comportamento de Jesus, em relação à Lei de Israel?
Jesus não aboliu a Lei, dada por Deus a Moisés no Sinai, mas levou-a à plenitude, dando-lhe a interpretação definitiva. É o Legislador divino que cumpre integralmente esta Lei. Além disso, Ele, o Servo fiel, oferece mediante a sua morte expiadora o único sacrifício capaz de redimir todas «as faltas cometidas durante a primeira Aliança» (Heb 9,15).

115. Qual a atitude de Jesus em relação ao templo de Jerusalém?
Jesus foi acusado de hostilidade em relação ao Templo. Contudo Ele venerou-o como «a morada do seu Pai» (Jo 2,16) e consagrou-lhe uma parte importante do seu ensino. Mas predisse também a sua destruição, em relação com a sua própria morte, e Ele mesmo se apresentou como a morada definitiva de Deus entre os homens.

116. Jesus contradisse a fé de Israel no Deus único e salvador?
Jesus nunca contradisse a fé num Deus único, nem sequer quando realizava a obra divina por excelência que cumpria as promessas messiânicas e o revelava igual a Deus: o perdão dos pecados. A exigência feita por Jesus de fé na sua pessoa e de conversão permite compreender a trágica incompreensão do Sinédrio que considerou Jesus merecedor de morte porque blasfemo.

117. Quem é responsável pela morte de Jesus?
A paixão e a morte de Jesus não podem ser imputadas indistintamente nem a todos os judeus então vivos, nem aos outros judeus que depois viveram no tempo e no espaço. Cada pecador, isto é, cada homem, é realmente causa e instrumento dos sofrimentos do Redentor, e culpa maior têm aqueles, sobretudo se são cristãos, que mais frequentemente caem no pecado ou se deleitam nos vícios.

118. Porque é que a morte de Cristo faz parte do desígnio de Deus?
Para reconciliar consigo todos os homens votados à morte por causa do pecado, Deus tomou a iniciativa amorosa de enviar o Seu Filho para que se entregasse à morte pelos pecadores. Anunciada no Antigo Testamento, em particular como sacrifício do Servo sofredor, a morte de Jesus acontece «segundo as Escrituras».

119. Com é que Cristo se ofereceu ao Pai?
Toda a vida de Cristo é oferta livre ao Pai para realizar o seu desígnio de salvação. Ele dá «a sua vida em resgate por muitos» (Mc 10,45) e deste modo reconcilia com Deus toda a humanidade. O seu sofrimento e a sua morte manifestam como a sua humanidade é o instrumento livre e perfeito do Amor divino que quer a salvação de todos os homens.

120. Como se manifesta na última Ceia a oferta de Jesus?
Na última Ceia com os Apóstolos, na vigília da paixão, Jesus antecipa, isto é, significa e realiza antecipadamente a oferta voluntária de Si mesmo: «este é o meu corpo entregue por vós», «este é o meu sangue, que é derramado…» (Lc 22,19-20). Ele institui assim ao mesmo tempo a Eucaristia como «memorial» (1 Cor 11,25) do seu sacrifício e os seus Apóstolos como sacerdotes da nova Aliança.

121. Que acontece na agonia do horto do Getsemani?
Apesar do horror que a morte provoca na humanidade santíssima d’Aquele que é o próprio «Autor da vida» (Act 3,15), a vontade humana do Filho de Deus adere à vontade do Pai: para nos salvar, Jesus aceita carregar sobre Si os nossos pecados no seu corpo, «fazendo-se obediente até à morte» (Fil 2,8).

122. Quais os efeitos do sacrifício de Cristo na cruz?
Jesus ofereceu livremente a Sua vida em sacrifício de expiação, isto é, reparou as nossas culpas com a plena obediência do Seu amor até à morte. Este «amor até ao fim» (Jo 13,1) do Filho de Deus reconcilia com o Pai toda a humanidade. O sacrifício pascal de Cristo resgata portanto os homens num modo único, perfeito e definitivo, e abre-lhes a comunhão com Deus.

123. Porque é que Jesus convida os discípulos a tomar a sua cruz?
Chamando os discípulos a «tomar a sua cruz e a segui-Lo» (Mt 16,24), Jesus quer associar ao seu sacrifício redentor aqueles mesmos que dele sãos os primeiros beneficiários.

124. Em que condições estava o corpo de Cristo no sepulcro?
Cristo conheceu uma verdadeira morte e uma verdadeira sepultura. Mas o poder divino preservou o seu corpo da corrupção. >>> top

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Artigo V. «JESUS CRISTO DESCEU AOS INFERNOS, RESSUSCITOU DOS MORTOS AO TERCEIRO DIA»

125. O que são «os infernos», aos quais Jesus desceu?
Os «infernos» (não confundir com o inferno da condenação) ou mansão dos mortos, designam o estado de todos aqueles que, justos ou maus, morreram antes de Cristo. Com a alma unida à sua Pessoa divina, Jesus alcançou, nos infernos, os justos que esperavam o seu Redentor para acederem finalmente à visão de Deus. Depois de com a sua morte, ter vencido a morte e o diabo «que da morte tem o poder» (Heb 2,14), libertou os justos que esperavam o Redentor, e abriu-lhes as portas do Céu.

126. Que lugar ocupa a ressurreição de Cristo na nossa fé?
A Ressurreição de Jesus é a verdade culminante da nossa fé em Cristo e representa, com a Cruz, uma parte essencial do Mistério pascal.

127. Que «sinais» atestam a ressurreição de Jesus?
Para além do sinal essencial constituído pelo túmulo vazio, a Ressurreição de Jesus é atestada pelas mulheres que foram as primeiras a encontrar Jesus e o anunciaram aos Apóstolos. A seguir, Jesus «apareceu a Cefas (Pedro) e depois aos Doze. Seguidamente, apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez» (1 Cor 15,5-6) e a outros ainda. Os Apóstolos não teriam podido inventar a Ressurreição, uma vez que esta lhes parecia impossível: de facto, Jesus repreendeu-os pela sua incredulidade.

128. Porque é que a Ressurreição é ao mesmo tempo um acontecimento transcendente?
Embora seja um acontecimento histórico, constatável e atestado através dos sinais e testemunhos, a Ressurreição, enquanto entrada da humanidade de Cristo na glória de Deus, transcende e supera a história, como mistério da fé. Por este motivo, Cristo ressuscitado não se manifestou ao mundo mas aos seus discípulos, fazendo deles as suas testemunhas junto do povo.

129. Qual é o estado do corpo ressuscitado de Jesus?
A Ressurreição de Cristo não foi um regresso à vida terrena. O Seu corpo ressuscitado é Aquele que foi crucificado e apresenta os vestígios da Sua Paixão, mas é doravante participante da vida divina com as propriedades dum corpo glorioso. Por esta razão, Jesus ressuscitado é soberanamente livre de aparecer aos seus discípulos como Ele quer, onde Ele quer e sob aspectos diversos.

130. De que modo a Ressurreição é obra da Santíssima Trindade?
A Ressurreição de Cristo é uma obra transcendente de Deus. As três Pessoas actuam conjuntamente segundo o que lhes é próprio: o Pai manifesta o Seu poder; o Filho «retoma» a vida que livremente ofereceu (Jo 10,17) reunindo a Sua alma e o Seu corpo, que o Espírito vivifica e glorifica.

131. Qual o sentido e a importância da Ressurreição?
A Ressurreição é o culminar da Encarnação. Ela confirma a divindade de Cristo, e também tudo o que Ele fez e ensinou, e realiza todas as promessas divinas em nosso favor. Além disso, o Ressuscitado, vencedor do pecado e da morte, é o princípio da nossa justificação e da nossa Ressurreição: a partir de agora, Ele garante-nos a graça da adopção filial que é a participação real na sua vida de Filho unigénito; depois, no final dos tempos, Ele ressuscitará o nosso corpo. >>> top

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Artigo VI. «JESUS SUBIU AO CÉU ESTÁ SENTADO À DIREITA DO PAI OMNIPOTENTE»

132. O que é que significa a Ascensão?
Passados os quarenta dias em que se mostrou aos Apóstolos sob as aparências duma humanidade normal que ocultavam a sua glória de Ressuscitado, Cristo sobe ao céu e senta-se à direita do Pai. Ele é o Senhor que agora reina com a sua humanidade na glória eterna de Filho de Deus e sem cessar intercede por nós junto do Pai. Envia-nos o Seu Espírito e tendo-nos preparado um lugar, dá-nos a esperança de um dia ir ter com Ele. >>> top

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Artigo VII. «DE ONDE VIRÁ A JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS»

133. Como reina agora o Senhor Jesus?
Senhor do cosmos e da história, Cabeça da sua Igreja, Cristo glorificado permanece misteriosamente sobre a terra, onde o Seu Reino já está presente como germe e início na Igreja. Ele um dia voltará em glória, mas não sabemos quando. Por isso, vivemos vigilantes, rezando: «Vem, Senhor» (Ap 22,20).

134. Como se realizará a vinda do Senhor na glória?
Após o último abalo cósmico deste mundo que passa, a vinda gloriosa de Cristo acontecerá com o triunfo definitivo de Deus na Parusia de Cristo e com o Juízo final. Assim se cumprirá o Reino de Deus.

135. Como é que Cristo julgará os vivos e os mortos?
Cristo julgará com o poder adquirido como Redentor do mundo, vindo para salvar os homens. Os segredos dos corações serão revelados, bem como o procedimento de cada um em relação a Deus e ao próximo. Cada homem será repleto de vida ou condenado para a eternidade segundo as suas obras. Assim se realizará «a plenitude de Cristo» (Ef 4,13), na qual «Deus será tudo em todos» (1 Cor 15,28). >>> top

C – CREIO NO ESPÍRITO SANTO

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Artigo VIII. «CREIO NO ESPÍRITO SANTO»

136. Que quer dizer a Igreja quando professa: «Creio no Espírito Santo»?
Crer no Espírito Santo é professar a terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que procede do Pai e do Filho, e «com o Pai e o Filho é adorado e glorificado». O Espírito foi «enviado aos nossos corações» (Gal 4,6) para recebermos a vida nova de filhos de Deus.

137. Porque é que as missões do Filho e do Espírito são inseparáveis?
Na Trindade indivisível, o Filho e o Espírito são distintos mas inseparáveis. De facto, desde o princípio até ao final dos tempos, quando o Pai envia o Seu Filho, envia também o Seu Espírito que nos une a Cristo na fé, para, como filhos adoptivos, podermos chamar Deus «Pai» (Rm 8,15). O Espírito é invisível, mas nós conhecemo-lo através da sua acção quando nos revela o Verbo e quando age na Igreja.

138. Quais são as designações do Espírito Santo?
«Espírito Santo» é o nome próprio da terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Jesus chama-lhe também: Espírito Paráclito (Consolador, Advogado) e Espírito de Verdade. O Novo Testamento chama-o ainda: Espírito de Cristo, do Senhor, de Deus, Espírito da glória, da promessa.

139. Com que símbolos se representa o Espírito Santo?
São numerosos: a água viva que jorra do coração trespassado de Cristo e dessedenta os baptizados; a unção com o óleo que é o sinal sacramental da Confirmação; o fogo que transforma o que toca; a nuvem, obscura e luminosa, na qual se revela a glória divina; a imposição das mãos mediante a qual é dado o Espírito; a pomba que desce sobre Cristo e permanece sobre Ele no baptismo.

140. O que significa que o Espírito «falou pelos profetas»?
Com o termo profetas entende-se todos os que foram inspirados pelo Espírito Santo para falar em nome de Deus. O Espírito conduz as profecias do Antigo Testamento ao seu pleno cumprimento em Cristo, de quem revela o mistério no Novo Testamento.

141. O que é que o Espírito Santo realiza em João Baptista?
João Baptista, o último profeta do Antigo Testamento é cheio do Espírito Santo, que o envia a «preparar para o Senhor um povo bem disposto» (Lc 1,17) e a anunciar a vinda de Cristo, Filho de Deus: Aquele sobre o qual João viu o Espírito descer e permanecer, «Aquele que baptiza no Espírito» (Jo 1,33).

142. Qual é a obra do Espírito em Maria?
Em Maria, o Espírito Santo realiza as expectativas e a preparação do Antigo Testamento para a vinda de Cristo. De forma única enche-a de graça e torna fecunda a sua virgindade para dar à luz o Filho de Deus encarnado. Faz dela a Mãe do «Cristo total», isto é, de Jesus Cabeça e da Igreja que é o seu corpo. Maria está com os Doze no dia de Pentecostes, quando o Espírito inaugura os «últimos tempos» com a manifestação da Igreja.

143. Qual a relação entre o Espírito e Cristo Jesus, na missão terrena?
O Filho de Deus é consagrado Messias através da unção do Espírito na sua humanidade desde a Encarnação. Ele revela-O no seu ensino, cumprindo a promessa feita aos antepassados e comunica-O à Igreja nascente, soprando sobre os Apóstolos depois da Ressurreição.

144. O que acontece no Pentecostes?
Cinquenta dias após a Ressurreição, no Pentecostes, Jesus Cristo glorificado infunde o Espírito em abundância e manifesta-O como Pessoa divina, de modo que a Santíssima Trindade é plenamente revelada. A Missão de Cristo e do Espírito torna-se a Missão da Igreja, enviada a anunciar e a difundir o mistério da comunhão trinitária.

«Vimos a verdadeira Luz, recebemos o Espírito celeste, encontrámos a verdadeira fé: adoramos a Trindade indivisível porque nos salvou» (Liturgia Bizantina, Tropário das Vésperas de Pentecostes)

145. Que faz o Espírito Santo na Igreja?
O Espírito edifica, anima e santifica a Igreja: Espírito de Amor, Ele torna a dar aos baptizados a semelhança divina perdida por causa do pecado e fá-los viver em Cristo da própria Vida da Santíssima Trindade. Envia-os a testemunhar a Verdade de Cristo e organiza-os nas suas mútuas funções, para que todos dêem «o fruto do Espírito» (Gal 5,22).

146. Como actuam Cristo e o seu Espírito no coração dos fiéis?
Por meio dos sacramentos, Cristo comunica aos membros do Seu Corpo o Seu Espírito e a graça de Deus que produz os frutos de vida nova, segundo o Espírito. Finalmente, o Espírito Santo é o Mestre da oração. >>> top

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Artigo IX. «CREIO NA SANTA IGREJA CATÓLICA»

A Igreja no desígnio de Deus

147. O que significa a palavra Igreja?
Designa o povo que Deus convoca e reúne de todos os confins da terra, para constituir a assembleia daqueles que, pela fé e pelo Baptismo, se tornam filhos de Deus, membros de Cristo e templo do Espírito Santo.

148. Há, na Bíblia, outros nomes e imagens para indicar a Igreja?
Na Sagrada Escritura encontramos muitas imagens que põem em evidência aspectos complementares do mistério da Igreja. O Antigo Testamento privilegia as imagens ligadas ao povo de Deus; o Novo Testamento privilegia as imagens ligadas a Cristo como Cabeça deste povo que é o Seu Corpo, e as imagens retiradas da vida pastoril (redil, rebanho, ovelhas), agrícola (campo, oliveira, vinha) habitacional (morada, pedra, templo), familiar (esposa, mãe, família).

149. Quais são as origens e a realização plena da Igreja?
A Igreja encontra a sua origem e a sua realização plena no eterno desígnio de Deus. Foi preparada na Antiga Aliança com a eleição de Israel, sinal da reunião futura de todas as nações. Fundada pelas palavras e acções de Jesus Cristo, foi realizada sobretudo mediante a sua morte redentora e a sua ressurreição. Foi depois manifestada como mistério de salvação mediante a efusão do Espírito Santo, no dia de Pentecostes. Terá a sua realização plena no fim dos tempos, como assembleia celeste de todos os redimidos.

150. Qual é a missão da Igreja?
A missão da Igreja é a de anunciar e instaurar no meio de todos os povos o Reino de Deus inaugurado por Jesus Cristo. Ela é, na terra, o germe e o início deste Reino salvífico.

151. Em que sentido a Igreja é Mistério?
A Igreja é Mistério enquanto na sua realidade visível está presente e operante uma realidade espiritual, divina, que se descobre unicamente com os olhos da fé.

152. Que significa que a Igreja é sacramento universal de salvação?
Significa que é sinal e instrumento da reconciliação e da comunhão de toda a humanidade com Deus e da unidade de todo o género humano.

A Igreja: povo de Deus, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo

153. Porque é que a Igreja é povo de Deus?
A Igreja é o povo de Deus porque aprouve a Deus santificar e salvar os homens não isoladamente mas constituindo-os num só povo, reunido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

154. Quais são as características do povo de Deus?
Este povo, de que nos tornamos membros mediante a fé em Cristo e o Baptismo, tem por origem Deus Pai, por cabeça Jesus Cristo, por condição a dignidade e a liberdade dos filhos de Deus, por lei o mandamento novo do amor, por missão a de ser o sal da terra e a luz do mundo, por fim o Reino de Deus, já iniciado na terra.

155. Em que sentido o povo de Deus participa das três funções de Cristo: Sacerdote, Profeta e Rei?
O povo de Deus participa no ministério sacerdotal de Cristo, enquanto os baptizados são consagrados pelo Espírito Santo para oferecer sacrifícios espirituais; participa no seu ministério profético, enquanto, com o sentido sobrenatural da fé, a esta adere indefectivelmente, a aprofunda e testemunha; e participa no seu ministério real com o serviço, imitando Jesus Cristo, que, rei do universo, se fez servo de todos, sobretudo dos pobres e dos que sofrem.

156. Como é que a Igreja é corpo de Cristo?
Por meio do Espírito, Cristo morto e ressuscitado une intimamente a Si os seus fiéis. Deste modo, os crentes em Cristo, enquanto unidos estreitamente a Ele, sobretudo na Eucaristia, são unidos entre si na caridade, formando um só corpo, a Igreja, cuja unidade se realiza na diversidade dos membros e das funções.

157. Quem é a cabeça deste corpo?
Cristo «é a Cabeça do corpo, que é a Igreja (Col 1,18). A Igreja vive d’Ele, n’Ele e para Ele. Cristo e a Igreja formam o «Cristo total» (S. Agostinho); «Cabeça e membros são, por assim dizer, uma só pessoa mística» (S. Tomás de Aquino).

158. Porque é que a Igreja é chamada esposa de Cristo?
Porque o próprio Senhor Se definiu como o «Esposo» (Mc 2,19), que amou a Igreja, unindo-a a Si por uma Aliança eterna. Ele entregou-se a Si mesmo por ela, para a purificar com o Seu sangue, «para a tornar santa» (Ef 5,26) e fazer dela mãe fecunda de todos os filhos de Deus. Enquanto a palavra «corpo» evidencia a unidade da «cabeça» com os membros, o termo «esposa» sublinha a distinção dos dois na relação pessoal.

159. Porque é que a Igreja é designada templo do Espírito Santo?
Porque o Espírito Santo reside no corpo que é a Igreja: na sua Cabeça e nos seus membros; para além disso, Ele edifica a Igreja na caridade com a Palavra de Deus, os sacramentos, as virtudes e os carismas.

«O que o nosso espírito, quer dizer, a nossa alma, é para os nossos membros, o Espírito Santo é-o para os membros de Cristo, para o corpo de Cristo, que é a Igreja» ( S. Agostinho).

160. Que são os carismas?
Os carismas são dons especiais do Espírito concedidos a alguém para o bem dos homens, para as necessidades do mundo e em particular para a edificação da Igreja, a cujo Magistério compete o seu discernimento. >>> top

A Igreja é una, santa, católica e apostólica

161. Porque é que a Igreja é una?
A Igreja é una porque tem como origem e modelo a unidade na Trindade das Pessoas de um só Deus; porque tem como fundador e cabeça Jesus Cristo, que restabelece a unidade de todos os povos num só corpo; e porque tem como alma o Espírito Santo, que une todos os fiéis na comunhão em Cristo. Ela tem uma só fé, uma só vida sacramental, uma única sucessão apostólica, uma comum esperança e a mesma caridade.

162. Onde subsiste a única Igreja de Cristo?
A única Igreja de Cristo, como sociedade constituída e organizada no mundo, subsiste (subsistit in) na Igreja católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele. Só por meio dela se pode obter toda a plenitude dos meios de salvação, pois o Senhor confiou todos os bens da Nova Aliança ao único colégio apostólico, cuja cabeça é Pedro.

163. Como considerar os cristãos não católicos?
Nas Igrejas e comunidades eclesiais, que se desligaram da plena comunhão da Igreja católica, encontram-se muitos elementos de santificação e de verdade. Todos estes bens provêm de Cristo e conduzem para a unidade católica. Os membros destas Igrejas e comunidades são incorporados em Cristo pelo Baptismo: por isso, nós reconhecemo-los como irmãos.

164. Como empenhar-se em favor da unidade dos cristãos?
O desejo de restabelecer a união de todos os cristãos é um dom de Cristo e um apelo do Espírito. Ele diz respeito a toda a Igreja e realiza-se mediante a conversão do coração, a oração, o recíproco conhecimento fraterno, o diálogo teológico.

165. Em que sentido a Igreja é santa?
A Igreja é santa, porque Deus Santíssimo é o seu autor; Cristo entregou-se por ela, para a santificar e fazer dela santificadora; e o Espírito Santo vivifica-a com a caridade. Nela se encontra a plenitude dos meios de salvação. A santidade é a vocação de cada um dos seus membros e o fim de cada uma das suas actividades. A Igreja inclui no seu interior a Virgem Maria e inumeráveis Santos, como modelos e intercessores. A santidade da Igreja é a fonte da santificação dos seus filhos, que, aqui, na terra, se reconhecem todos pecadores, sempre necessitados de conversão e de purificação.

166. Porque é que a Igreja se chama católica?
A Igreja é católica, isto é, universal, porque nela está presente Cristo: «Onde está Cristo Jesus, aí está a Igreja católica» (S. Inácio de Antioquia). Ela anuncia a totalidade e a integridade da fé; leva e administra a plenitude dos meios de salvação; é enviada em missão a todos os povos, em todos os tempos e qualquer que seja a cultura a que eles pertençam.

167. É também católica a Igreja particular?
É católica toda a Igreja particular (isto é, a diocese e a eparquia), formada pela comunidade de fiéis cristãos que estão em comunhão de fé e de sacramentos seja com o seu Bispo, ordenado na sucessão apostólica, seja com a Igreja de Roma, que «preside à caridade» (S. Inácio de Antioquia).

168. Quem pertence à Igreja católica?
Todos os homens, de diferentes modos, pertencem ou estão ordenados à unidade católica do povo de Deus. Estão plenamente incorporados na Igreja católica aqueles que, tendo o Espírito de Cristo, se encontram unidos a ela pelos vínculos da profissão de fé, dos sacramentos, do governo eclesiástico e da comunhão. Os baptizados que não se encontram plenamente nesta unidade católica estão numa certa comunhão, ainda que imperfeita, com a Igreja Católica.

169. Qual a relação da Igreja católica com o povo judeu?
A Igreja católica reconhece a sua relação com o povo judeu no facto de Deus ter escolhido este povo entre todos, para primeiro acolher a sua Palavra. É ao povo judeu que pertencem «a adopção a filhos, a glória, as alianças, a legislação, o culto, as promessas, os patriarcas; dele provém Cristo segundo a carne» (Rm 9,5). Diferentemente das outras religiões não cristãs, a fé judaica é já resposta à Revelação de Deus na Antiga Aliança.

170. Que ligação há entre a Igreja católica e as religiões não cristãs?
Antes de mais, há o laço comum da origem e fim de todo o género humano. A Igreja católica reconhece que tudo o que de bom e de verdadeiro existe nas outras religiões vem de Deus, é reflexo da sua verdade, pode preparar para acolher o Evangelho e mover em direcção à unidade da humanidade na Igreja de Cristo.

171. Que significa a afirmação: «Fora da Igreja não há salvação»?
Significa que toda a salvação vem de Cristo-Cabeça por meio da Igreja, que é o seu corpo. Portanto não poderiam ser salvos os que, conhecendo a Igreja como fundada por Cristo e necessária à salvação, nela não entrassem e nela não perseverassem. Ao mesmo tempo, graças a Cristo e à sua Igreja, podem conseguir a salvação eterna todos os que, sem culpa própria, ignoram o Evangelho de Cristo e a sua Igreja mas procuram sinceramente Deus e, sob o influxo da graça, se esforçam por cumprir a sua vontade, conhecida através do que a consciência lhes dita.

172. Porque é que a Igreja deve anunciar o Evangelho a todo o mundo?
Porque Cristo ordenou: «ide e ensinai todas as nações, baptizando-as no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo» (Mt 28,19). Este mandato missionário do Senhor tem a sua fonte no amor eterno de Deus, que enviou o seu Filho e o seu Espírito porque «quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tim 2, 4).

173. Como é que a Igreja é missionária?
Guiada pelo Espírito Santo, a Igreja continua no curso da história a missão do próprio Cristo. Os cristãos portanto devem anunciar a todos a Boa Nova trazida por Cristo, seguindo o seu caminho, dispostos também ao sacrifício de si mesmos até ao martírio.

174. Porque é que a Igreja é apostólica?
A Igreja é apostólica pela sua origem, sendo construída sobre o «fundamento dos Apóstolos» (Ef 2,20); pelo ensino, que é o mesmo dos Apóstolos; pela sua estrutura, enquanto instruída, santificada e governada, até ao regresso de Cristo, pelos Apóstolos, graças aos seus sucessores, os Bispos em comunhão, com o sucessor de Pedro.

175. Em que consiste a missão dos Apóstolos?
A palavra Apóstolo significa enviado. Jesus, o Enviado do Pai, chamou a Si doze entre os Seus discípulos e constituiu-os como seus Apóstolos, fazendo deles testemunhas escolhidas da sua ressurreição e fundamentos da sua Igreja. Deu-lhes o mandato de continuarem a sua missão, dizendo: «Como o Pai me enviou, assim também Eu vos envio a vós» (Jo 20,21). E prometeu estar com eles até ao fim do mundo.

176. O que é a sucessão apostólica?
A sucessão apostólica é a transmissão, mediante o sacramento da Ordem, da missão e do poder dos Apóstolos aos seus sucessores, os Bispos. Graças a esta transmissão, a Igreja permanece em comunhão de fé e de vida com a sua origem, enquanto ao longo dos séculos orienta todo o seu apostolado para a difusão do Reino de Cristo na terra. >>> top

Os fiéis: hierarquia, leigos, vida consagrada

177. Quem são os fiéis?
Os fiéis são aqueles que, incorporados em Cristo pelo Baptismo, são constituídos membros do povo de Deus. Tornados participantes, segundo a sua condição, da função sacerdotal, profética e real de Cristo, são chamados a exercer a missão confiada por Deus à Igreja. Entre eles subsiste uma verdadeira igualdade, na sua dignidade de filhos de Deus.

178. Como é formado o povo de Deus?
Na Igreja, por instituição divina, existem os ministros sagrados que receberam o sacramento da Ordem e formam a hierarquia da Igreja. Os outros são chamados leigos. De uns e de outros, provêm fiéis, que se consagram de modo especial a Deus com a profissão dos conselhos evangélicos: castidade no celibato, pobreza e obediência.

179. Porque é que Cristo instituiu a hierarquia eclesiástica?
Cristo instituiu a hierarquia eclesiástica com a missão de apascentar o povo de Deus em seu nome, e para isso lhe deu autoridade. A hierarquia eclesiástica é formada por ministros sagrados: Bispos, presbíteros e diáconos. Graças ao sacramento da Ordem, os Bispos e os presbíteros agem, no exercício do seu ministério, em nome e na pessoa de Cristo cabeça; os diáconos servem o povo de Deus na diaconia (serviço) da palavra, da liturgia, da caridade.

180. Como se actua a dimensão colegial do ministério eclesial?
A exemplo dos doze Apóstolos escolhidos e enviados por Cristo, a união dos membros da hierarquia eclesiástica está ao serviço da comunhão dos fiéis. Cada Bispo exerce o ministério, como membro do colégio episcopal, em comunhão com o Papa, participando com ele na solicitude pela Igreja universal. Os sacerdotes exercem o seu ministério no presbitério da Igreja particular, em comunhão com o próprio Bispo e sob a sua condução.

181. Porque é que o ministério eclesial tem um carácter pessoal?
O ministério eclesial tem também um carácter pessoal, pois, em virtude do sacramento da Ordem, cada um é responsável diante de Cristo, que pessoalmente o chamou, conferindo-lhe a missão.

182. Qual é a missão do Papa?
O Papa, Bispo de Roma e Sucessor de S. Pedro, é o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade da Igreja. É o vigário de Cristo, cabeça do colégio dos Bispos e pastor de toda a Igreja, sobre a qual, por instituição divina, tem poder, pleno, supremo, imediato e universal.

183. Qual é a missão do colégio dos Bispos?
O colégio dos Bispos, em comunhão com o Papa e nunca sem ele, exerce também sobre a Igreja supremo e pleno poder.

184. Como é que os Bispos exercem a sua missão de ensinar?
Os Bispos, em comunhão com o Papa, têm o dever de anunciar o Evangelho a todos, fielmente e com autoridade, como autênticas testemunhas da fé apostólica e revestidos da autoridade de Cristo. Mediante o sentido sobrenatural da fé, o Povo de Deus, adere indefectivelmente à fé, sob a condução do Magistério vivo da Igreja.

185. Quando se exerce a infalibilidade do Magistério?
A infalibilidade exerce-se quando o Romano Pontífice, em virtude da sua autoridade de supremo Pastor da Igreja, ou o Colégio Episcopal, em comunhão com o Papa, sobretudo reunido num Concílio Ecuménico, proclamam com um acto definitivo uma doutrina respeitante à fé ou à moral, e também quando o Papa e os Bispos, no seu Magistério ordinário, concordam ao propor uma doutrina como definitiva. A tais ensinamentos cada fiel deve aderir com o obséquio da fé.

186. Como é que os Bispos exercem o ministério de santificar?
Os Bispos santificam a Igreja dispensando a graça de Cristo, mediante o ministério da palavra e dos sacramentos, em particular da Eucaristia, e também com a oração e o seu exemplo e trabalho.

187. Como é que os Bispos exercem a função de governar?
Cada Bispo, enquanto membro do colégio episcopal, exerce colegialmente a solicitude por todas as Igrejas particulares e por toda a Igreja, juntamente com os outros Bispos unidos ao Papa. O Bispo, a quem é confiada uma Igreja particular, governa-a com a autoridade do poder sagrado, próprio, ordinário e imediato, exercido em nome de Cristo, bom Pastor, em comunhão com toda a Igreja e sob a condução do sucessor de Pedro.

188. Qual é a vocação dos fiéis leigos?
Os fiéis leigos têm como vocação própria a de procurar o reino de Deus, iluminando e ordenando as realidades temporais segundo Deus. Correspondem assim ao chamamento à santidade e ao apostolado, dirigido a todos os baptizados.

189. Como participam os fiéis leigos na função sacerdotal de Cristo?
Participam nela oferecendo – como sacrifício espiritual «agradável a Deus por Jesus Cristo» (1 Ped 2,5), sobretudo na Eucaristia – a sua vida com todas as obras, as orações e as iniciativas apostólicas, a vida familiar, o trabalho de cada dia, as agruras da vida suportadas com paciência e os lazeres corporais e espirituais. Deste modo, os leigos, dedicados a Cristo e consagrados pelo Espírito Santo, oferecem a Deus o próprio mundo.

190. Como participam na sua função profética?
Participam nela acolhendo cada vez mais na fé a Palavra de Cristo e anunciando-a ao mundo com o testemunho da vida e da palavra, a acção evangelizadora e a catequese. Esta acção evangelizadora adquire uma particular eficácia pelo facto de ser realizada nas condições ordinárias da vida secular.

191. Como participam na sua função real?
Os leigos participam na função real de Cristo, tendo recebido d’Ele o poder de vencer o pecado em si mesmos e no mundo, mediante a abnegação de si e a santidade de vida. Exercem vários ministérios ao serviço da comunidade e impregnam de valor moral as actividades temporais do homem e as instituições da sociedade.

192. O que é a vida consagrada?
É um estado de vida reconhecido pela Igreja. É uma resposta livre a um chamamento particular de Cristo, mediante a qual os consagrados se entregam totalmente a Deus e tendem para a perfeição da caridade sob a moção do Espírito Santo. Tal consagração caracteriza-se pela prática dos conselhos evangélicos.

193. O que é que a vida consagrada oferece à missão da Igreja?
A vida consagrada participa na missão da Igreja mediante uma plena dedicação a Cristo e aos irmãos, testemunhando a esperança do Reino celeste. >>> top

Creio na Comunhão dos santos

194. O que significa a expressão comunhão dos santos?
Indica, antes de mais, a participação de todos os membros da Igreja nas coisas santas (sancta): a fé, os sacramentos, em especial a Eucaristia, os carismas e os outros dons espirituais. Na raiz da comunhão está a caridade que «não procura o próprio interesse» (1 Cor 13, 5), mas move o fiel «a colocar tudo em comum» (Act 4, 32), mesmo os próprios bens materiais ao serviço dos pobres.

195. O que significa ainda a expressão comunhão dos santos?
Designa ainda a comunhão entre as pessoas santas (sancti), isto é, entre os que, pela graça, estão unidos a Cristo morto e ressuscitado. Alguns são peregrinos na terra; outros, que já partiram desta vida, estão a purificar-se, ajudados também pelas nossas orações; outros, enfim, gozam já da glória de Deus e intercedem por nós. Todos juntos formam, em Cristo, uma só família, a Igreja, para louvor e glória da Trindade. >>> top

Maria Mãe de Cristo, Mãe da Igreja

196. Em que sentido a Bem-aventurada Virgem Maria é Mãe da Igreja?
A Bem-aventurada Virgem Maria é Mãe da Igreja na ordem da graça porque deu à luz Jesus, o Filho de Deus, Cabeça do corpo que é a Igreja. Jesus ao morrer na cruz, indicou-a como mãe ao discípulo com estas palavras: «Eis a tua Mãe» (Jo 19, 27).

197. Como é que a Virgem Maria ajuda a Igreja?
Após a Ascensão do Seu Filho, a Virgem Maria ajuda, com as suas orações, as primícias da Igreja e, mesmo depois da sua assunção ao céu, continua a interceder pelos seus filhos, a ser para todos um modelo de fé e de caridade, e a exercer sobre eles um influxo salutar, que nasce da superabundância dos méritos de Cristo. Os fiéis vêem nela uma imagem e uma antecipação da ressurreição que os espera, invocando-a como advogada, auxiliadora, socorro, medianeira.

198. Que tipo de culto se presta à Virgem santíssima?
É um culto singular, que difere essencialmente do culto de adoração, prestado apenas à Santíssima Trindade. Tal culto de especial veneração encontra uma particular expressão nas festas litúrgicas dedicadas à Mãe de Deus e na oração mariana, como o santo Rosário, resumo de todo o Evangelho.

199. Como é que a bem-aventurada Virgem Maria é ícone escatológico da Igreja?
Dirigindo o seu olhar para Maria, santíssima e já glorificada em corpo e alma, a Igreja contempla o que ela própria é chamada a ser na terra e o que será na pátria celeste. >>> top

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Artigo X. «CREIO NA REMISSÃO DOS PECADOS»

200. Como são perdoados os pecados?
O primeiro e principal sacramento para o perdão dos pecados é o Baptismo. Para os pecados cometidos depois do Baptismo, Cristo instituiu o sacramento da Reconciliação ou Penitência, por meio do qual o baptizado é reconciliado com Deus e com a Igreja.

201. Porque é que a Igreja tem o poder de perdoar os pecados?
A Igreja tem a missão e o poder de perdoar os pecados, porque o próprio Cristo lho conferiu: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes serão retidos» (Jo 20, 22-23). >>> top

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Artigo XI. «CREIO NA RESSURREIÇÃO DA CARNE»

202. Que indica a palavra carne e qual é a sua importância?
O termo carne designa o homem na sua condição de debilidade e de mortalidade. «A carne é o eixo da salvação» (Tertuliano). Com efeito, nós cremos em Deus que é o Criador da carne; cremos no Verbo que se fez carne para redimir a carne; cremos na ressurreição da carne, acabamento da criação e da redenção da carne.

203. O que significa a «ressurreição da carne»?
Significa que o estado definitivo do homem não será só a alma espiritual separada do corpo, mas também que os nossos corpos mortais um dia retomarão a vida.

204. Qual a relação entre a Ressurreição de Cristo e a nossa?
Como Cristo verdadeiramente ressuscitou dos mortos e vive para sempre, assim Ele próprio nos ressuscitará a todos no último dia, com um corpo incorruptível: «os que tiverem feito o bem para uma ressurreição de vida, e os que tiverem feito o mal para uma ressurreição de condenação».

205. Com a morte, que sucede ao nosso corpo e à nossa alma?
Com a morte, separação da alma e do corpo, o corpo cai na corrupção, enquanto a alma, que é imortal, vai ao encontro do Julgamento divino e espera reunir-se ao corpo quando este, transformado, ressuscitar no regresso do Senhor. Compreender como acontecerá a ressurreição supera as possibilidades da nossa imaginação e do nosso entendimento.

206. Que significa morrer em Cristo Jesus?
Significa morrer na graça de Deus, sem pecado mortal. O que crê em Cristo e segue o Seu exemplo pode assim transformar a própria morte num acto de obediência e de amor ao Pai. «É certa esta palavra: se morrermos com Ele, também com Ele viveremos» (2 Tim 2,11). >>> top

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Artigo XII. «CREIO NA VIDA ETERNA»

207. O que é a vida eterna?
A vida eterna é a que se iniciará imediatamente após a morte. Ela não terá fim. Será precedida para cada um por um juízo particular realizado por Cristo, juiz dos vivos e dos mortos, e será confirmada pelo juízo final.

208. O que é o juízo particular?
É o julgamento de retribuição imediata, que cada um, a partir da morte, recebe de Deus na sua alma imortal, em relação à sua fé e às suas obras. Tal retribuição consiste no acesso à bem-aventurança do céu, imediatamente ou depois de uma adequada purificação, ou então à condenação eterna no inferno.

209. O que se entende por «céu»?
Por «céu» entende-se o estado de felicidade suprema e definitiva. Os que morrem na graça de Deus e não precisam de ulterior purificação são reunidos à volta de Jesus e de Maria, dos anjos e dos santos. Formam assim a Igreja do céu, onde vêem Deus «face a face» (1 Cor 13,12), vivem em comunhão de amor com a Santíssima Trindade e intercedem por nós.

«A vida na sua própria realidade e verdade é o Pai que, pelo Filho e no Espírito Santo, sobre todos derrama como fonte, os seus dons celestes. E, pela sua bondade, promete verdadeiramente também a nós homens os bens divinos da vida eterna. (S. Cirilo de Jerusalém)

210. O que é o purgatório?
O purgatório é o estado dos que morrem na amizade de Deus, mas, embora seguros da sua salvação eterna, precisam ainda de purificação para entrar na alegria de Deus.

211. Como podemos ajudar a purificação das almas do purgatório?
Em virtude da comunhão dos santos, os fiéis ainda peregrinos na terra podem ajudar as almas do purgatório oferecendo as suas orações de sufrágio, em particular o Sacrifício eucarístico, mas também esmolas, indulgências e obras de penitência.

212. Em que consiste o inferno?
Consiste na condenação eterna daqueles que, por escolha livre, morrem em pecado mortal. A pena principal do inferno é a eterna separação de Deus, o único em quem o homem encontra a vida e a felicidade para que foi criado, e a que aspira. Cristo exprime esta realidade com as palavras: «Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno» (Mt 25, 41).

213. Como conciliar o inferno com a bondade infinita de Deus?
Deus, apesar de querer «que todos tenham modo de se arrepender» (2Ped 3,9), tendo criado o homem livre e responsável, respeita as suas decisões. Portanto, é o próprio homem que, em plena autonomia, se exclui voluntariamente da comunhão com Deus se, até ao momento da própria morte, persiste no pecado mortal, recusando o amor misericordioso de Deus.

214. Em que consistirá o Juízo final?
O juízo final (universal) consistirá na sentença de vida bem-aventurada ou de condenação eterna, que o Senhor Jesus, no seu regresso como juiz dos vivos e dos mortos, pronunciará em relação aos «justos e injustos» (Act 24, 15), reunidos todos juntos diante d’Ele. A seguir a tal juízo final, o corpo ressuscitado participará na retribuição que a alma teve no juízo particular.

215. Quando terá lugar este juízo final?
O juízo final terá lugar no fim do mundo, do qual só Deus conhece o dia e a hora.

216. Em que consiste a esperança dos novos céus e da nova terra?
Depois do juízo final, o próprio universo, libertado da escravidão da corrupção, participará na glória de Cristo com a inauguração dos «novos céus e da nova terra» (2 Ped 3,13). Será assim alcançada a plenitude do Reino de Deus, ou seja a realização definitiva do desígnio salvífico de Deus de «recapitular em Cristo todas as coisas, as do céu e as da terra» (Ef 1,10). Deus será então «tudo em todos» (1 Cor 15,28), na vida eterna. >>> top

«ÁMEN»

217. Que significa o Ámen, que conclui a nossa profissão de fé?
A palavra hebraica Amen, que conclui o último livro da Sagrada Escritura, algumas orações do Novo Testamento e as orações litúrgicas da Igreja, significa o nosso «sim» confiante e total a tudo o que professamos crer, confiando totalmente n’Aquele que é o «Ámen» (Ap 3,14) definitivo: Cristo Senhor. >>> top

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7. O CREDO COMO ORAÇÃO

«Com o coração se acredita para obter a justiÇa e com a boca se professa a fé para alcançar a salvação» (Rm 10,10).
Se aprendermos o Credo com o coração, lembrando as maravilhas realizadas por Deus, e o recitarmos todos os dias como oração, o nosso respirar e o nosso modo de viver estarão cada vez mais de acordo com a fé.

Credo Niceno-Constantinopolitano

Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso
Criador do Céu e da Terra,
de todas as coisas visíveis e invisíveis.

Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,
Filho Unigénito de Deus,
nascido do Pai antes de todos os séculos:
Deus de Deus, luz da luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro;
gerado, não criado, consubstancial ao Pai.
Por Ele todas as coisas foram feitas.
E por nós homens e para nossa salvação
desceu dos Céus.
E encarnou pelo Espírito Santo,
no seio da Virgem Maria,
e se fez homem.
Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos;
padeceu e foi sepultado.

Ressuscitou ao terceiro dia,
conforme as Escrituras;
e subiu aos Céus, onde está sentado à direita do Pai.
De novo há-de vir em sua glória
para julgar os vivos e os mortos;
e o seu Reino não terá fim.

Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida,
e procede do Pai e do Filho;
e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas.

Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica.
Professo um só Baptismo para a remissão dos pecados.
E espero a ressurreição dos mortos
e a vida do mundo que há-de vir. Ámen. >>> top

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8. A CELEBRAÇÃO É FEITA NO II DOMINGO DA QUARESMA

Eis o texto da celebração.

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9. A PAGELA COM O TEXTO DO CREDO

A entrega do Credo (a Tradição) é feita na celebração através da escuta por parte das crianças da profissão de fé feita pela comunidade. Depois recebem também a pagela com o texto do Credo Apostólico.

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